terça-feira, janeiro 05, 2010

Casamento entre pessoas do mesmo sexo

Sou pelo casamento entre pessoas do mesmo sexo.
Cada pessoa deve ter o direito de dispôr livremente da sua vida e dos seus direitos fundamentais, independentemente da sua orientação sexual.
A última revisão constitucional veio consagrar expressamente a aplicação do Princípio da Igualdade relativamente à orientação sexual.
O ainda actual artº 1577º do Código Civil, consequentemente, é inconstitucional.
São factos, não invenções moralistas e descriminatórias, mal disfarçadas de legítimas preocupações com as nefastas alterações que esta medida que o Governo se propõe tomar terá no tecido social português.
É incrível o poder surdo que a Igreja e os seus emissários ainda têm sobre a sociedade portuguesa.
Só ela consegue transformar uma discussão como esta em algo aparentemente difícil e fracturante, baralhando ideias e intrometendo-se em algo que não tem directamente a ver com ela.
Fala-se aqui do casamento civil e não do casamento enquanto sacramento religioso.
Como diz a Biblia, "A César o que é de César, a Deus o que é de Deus".

Alguém ouviu as alarvidades do Dr. Bacelar Gouveia hoje na Antena 1? Chegou a defender que a Constituição era referendável...foi quase épico vê-lo lutar contra moínhos de vento.
Continuou dizendo que não era questão de descriminação...para em seguida dizer que o casamento era naturalmente entre homem e mulher.
Defendeu também que os direitos fundamentais são referendáveis.

Será que vale mesmo tudo para defender um ponto de vista?

Somos tão pequenos...Mas aos poucos vamos avançando.

Deixem o Amor governar.Peace!


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1 Comments:

Blogger Lia Costa said...

A luta desenfreada para continuar a viver num Mundo com mentalidade retrógrada está a acabar.E isso incomoda muita gente. Incomoda, porque as pessoas querem o mundo conforme o que pensam que é o estabelecido. Mas, afinal, quem é que estabelece o quê? E quando? Sou eu que digo que tu não te podes relacionar com alguém do mesmo sexo que tu, porque... Bem, porque "isso nunca foi assim antes"!!???? Ah, estes argumentos! "O casamento serve apenas para unir pessoas de sexo diferente, porque isso é natural", ou então " o objectivo de casar é procriar"! Onde é que nós vamos parar!? Eu, como heterossexual, sinto-me um pouco ofendida com estes argumentos.
Primeiro: o casamento serve para unir, perante o Estado - não confundamos com o Santo Matrimónio - quem se ama e quer fazer, ou já faz, uma vida em conjunto. Quem quer contribuir em conjunto para o país, quem quer construir uma vida a dois, com tudo o que isso tem de bom, partilhar casa, cama, mesa, despesas e frutos do seu trabalho. A Sua - e só Sua - vida.
Segundo: se me apetecer casar e não ter filhos deixa o meu casamento de fazer sentido? E se eu não os puder ter? É ou não o meu casamento válido perante o Estado e a sociedade? Claro que é! Aliás, não há, nem nunca houve, uma entidade que "fiscalizasse" os casamentos para confirmar se a procriação estava a ser cumprida! Isso diz respeito a cada um de nós! Nem nós admitiríamos tal coisa! Agora anular casamentos por não haver procriação! Que estupidez! Pois é... Eu também acho! Então, será que o Estado deve impedir o casamento de alguém que quer isto tudo e que ama alguém do mesmo sexo que o seu? Não, não deve. E isto nunca aconteceu antes, é verdade. É verdade e vergonhoso também que durante séculos o Homem quisesse esconder o óbvio. Está na hora de mudar. É difícil, mas possível e necessário. Vamos apenas tornar legítimo aquilo que sempre foi clandestino, mas real: o amor está em quem quiser, quando quiser. Isso é que é natural!
A imagem que me vem à cabeça quando penso neste tema é a de um homem a afogar-se num lago com água pelos joelhos. Está a espernear e a entrar em pânico perante algo que não faz sentido. É que basta levantar-se para ficar a salvo, mas o medo é tão grande que não consegue ver que o nível da água não lhe poderá (nunca) provocar a morte. Olhar para o lado muitas vezes é difícil. Ver além do nosso umbigo implica um esforço de compreensão que à partida não se atinge. Mas chega-se lá!
Existe uma publicidade da RTP muito bem conseguida que consiste no seguinte: vemos um grupo de manifestantes e um grupo de polícias de intervenção. Estão em conflito, porque uns querem mostrar o seu ponto de vista, e outros têm que manter a ordem pública. Então, de repente, trocam de posições: os manifestantes vestem a "roupa" de polícias e vice-versa. E aí, as coisas mudam de figura: é preciso ver os dois lados para se perceber a posição daqueles que aparentemente estão contra nós. E isso não é simples. Exige uma qualidade difícil de ter: ponderação.
Vamos tentar "ver" o outro lado... E perceber que o que é "natural" para mim, pode não o ser para qualquer outra pessoa. Vamos tentar pensar como seria se a maioria das pessoas fosse homossexual, só eles pudessem procriar e não fosse permitido o casamento civil entre heterossexuais. Eu iria lutar para mudar isso. Tinha que ter esse direito, mesmo que ele nunca tivesse estado na lei antes. Interessa-me o agora. Para mim seria natural, porque amava alguém de sexo diferente do meu.
Será assim tão difícil de ver isto?
Um bem-haja a todos aqueles que lutaram por mais um avanço!

26/1/10 12:33  

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