sábado, julho 12, 2008

Good old Dylan...


De volta do Alive, o balanço é muito positivo.
O festival em si tem diversas características que distinguem de todos os outros festivais de Verão. É um festival tipicamente urbano, em que é perfeitamente notório que a maior parte do público se dirije a casa após o final das festividades, ao que também ajuda a localização relativamente central do recinto. Por outro lado, a faixa etária predominante no público varia entre os 13 e os 17, o que não deixa de ser estranho numa noite em que actuava Dylan.
Um dos pontos fortes do recinto é o facto de haver alternativas à musica do palco, com apresentação de um espectáculo de artes circenses ou um espaço com música mais electrónica/dança durante a tarde.
O cartaz da noite era bastante incaracterístico, juntando Nouvelle Vague, John Butler Trio, Within Temptation, Dylan e Buraka Som Sistema (?) no palco principal.
Considerações acessórias à parte, foi com grande pesar que não consegui assistir à actuação dos Nouvelle Vague...Mas John Butler fez esquecer essa lacuna.Com energia, talento e boa disposição ajudou a compôr um recinto que tardava em se preencher.
Ate que chegou o tão aguardado trovador...e a espera valeu pena...
Nada de boa noite ou i love you Portugal nem as baboseiras do costume. Blues e rock puro e duro, como todos nós gostamos.
Com uma banda de qualidade superior a acompanhá-lo, bastou-lhe o piano para surpreender quem ainda não estivesse preparado com novas versões da clássicos como "Girl from the North Country", "Don´t Think Twice...", "Desolation Row" ou "Ballad of a Thin Man". Apesar de a voz não ser a mesma de outros tempos como muitos incansávelmente referem, foi um grande espectáculo, com um Dylan em excelente forma desconstruindo temas e a imagem cristalizada que o público tem das suas interpretações como só ele sabe fazer. Fechou com chave de ouro, com miúdos e graúdos a entoarem o ainda tão actual hino "Like a rolling stone" (ou pelo menos a parte do refrão que conheciam...).
As críticas de um público que esperava um Dylan bem comportado agarrado à guitarra e à harmónica com certeza não vão tardar...agora como há mais de 40 anos atrás, quando decidiu tocar a sua música tal como queria e não como todos esperavam que o fizesse.
Desafiador, reservado mas sempre único, Dylan a esta altura da sua vida já não tem rigorosamente mais nada a provar a ninguém...e no entanto ainda é capaz de apresentar concertos fluídos e cativantes para fãs e não fãs como o da noite passada.

Como back soon Mr Dylan...

2 Comments:

Blogger Seco said...

Bem, realmente essa noite foi mesmo peculiar.
Pessoalmente achei que a mistura de géneros foi um bocadinho longe de mais, até para mim!
Claro que isto resultou numa mistura de emoções gigantesca..., fiquei impressionado com a clareza Within Temptation, adorei a presença de Bob Dylan e estranhei ter gostado de Buraka Sound System!
Tive pena que Nouvelle Vague não tivessem aparecido, mas ainda bem, porque eu também não (com a noite anterior, não havia condiões para estar no recinto tão cedo) e ia ficar de veras frustrado.
A minha raiva vai mesmo para que os grandes nomes apenas apareçam em cartazes urbanos e exageradamente comerciais, obrigando-nos a corroborar com isso e deixando os festivais mais míticos um pouco despidos de surpresas.

17/7/08 15:49  
Blogger Me, Myself and I said...

Concordo plenamente...
Dylan era Sr para estar num Vilar de Mouros, não entre John Butler e Within Temptation.
Mesmo assim este festival teve um dos melhores senão o melhor cartaz deste ano.
Pena nõa ser um festival daqueles que todos nós gostamos.
Mudam-se os tempos...

17/7/08 18:15  

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