quarta-feira, janeiro 11, 2006

Alegre...ma non troppo...

Que me perdoe o caríssimo "Bárbaro" mas com certeza que não é preciso pensar muito para descortinar que alguém que sempre esteve filiado no P.S. desde a sua fundação, por muito que se esforce (e é inegável que o tem feito, com os resultados positivos que a todos são visíveis), é indissociável do Partido e do ideário deste, embora as cúpulas partidárias não o apoiem publicamente (o que é um erro político a meu ver).
É óbvio que Alegre não tem o apoio maioritário dentro do aparelho partidário socialista mas daí a dizer que está sozinho nesta "luta" ainda vai uma distância.Basta ver Helena Roseta (e outros) em campanha com o "Poeta", adiantada em relação à comitiva, a avisar as pessoas que "Vem aí o candidato...Se quiserem cumprimentar...", tipo carro-vassoura da Volta a Portugal.
É utópico pensar-se que, em Portugal, alguém chega a candidato à Presidência da República com condições para uma campanha digna desse nome sem ter apoios partidários, a nível local ou nacional.
Quanto a soluções em questões-limite como a privatização da água, provavelmente a melhor solução não será a mais radical, a chamada "bomba atómica", uma medida drástica que só deve ser tomada em casos excepcionalíssimos como a ausência de maioria estável no Parlamento ou quando essa mesma maioria não corresponda já à vontade popular. A estabilidade de uma democracia deve ser sempre prioritária, não pode nem deve ser posta em causa senão em situações extremas, caso contrário, passe-se de vez para um sistema presidencialista. Talvez o melhor seja ter um pouco mais em conta a Constiutição, que o Presidente jura cumprir e fazer cumprir...
Quanto à solução neste caso, com certeza que não é ao Presidente nem a nós que cabe encontrá-la. Ao Presidente caberá antes criar, atempadamente, condições para que essa solução surja tranquilamente e envolta o mais possível em consensos, de modo a impedir que a economia ou a confiança nas instutuições democráticas seja ainda mais posta em causa.
Seja como for, à margem de tudo isto e rindo-se tranquilamente enquanto o "circo pega fogo", Cavaco vai ganhar facilmente este desafio. Basta-lhe aparecer e tentar não falar demais porque, infelizmente, a alternativa está cada vez mais longe de se constituir como viável. Comparem-se acções de campanha e a receptividade que é dada a cada candidato, com alguns a cancelarem comícios na praça da vila por falta de público, para recolherem à sede de campanha, enquanto outros são recebidos em apoteose, por onde quer que passam...parecendo que não, a menos de duas semanas da decisão, tudo conta, principalmente a imagem... Estou a aguardar, ansiosamente, o comicio de Jerónimo de Sousa no Pavilhão Atlântico.
O que é inacreditável e até incompreensível é o facto de, apesar de um partido de Esquerda ter a maioria absoluta no Parlamento, nunca antes a Esquerda ter estado tão fragmentada, com as evidentes vantagens para a alternativa de direita, o verdadeiro oásis no meio desta "guerra dos mundos", numa altura em que, com certeza, o eleitorado priveligiará a tranquilidade e o supra-partidarismo (aparente ou não...).