quarta-feira, maio 25, 2005

A ouvir...



Um concerto que em quaisquer outras mãos se poderia ter revelado um fiasco tornou-se numa das obras primas de Keith Jarret e do Jazz contemporâneo.
Gravado em 1975 na Opera House de Colónia e lançado nesse mesmo ano, este disco ainda hoje soa actual pela intemporalidade que possui, em parte pela criatividade ímpar deste pianista e compositor que este mês completou 60 anos mas também pelo contexto em foi gravado.
Após uma fase prolífica da sua carreira, em que se embrenhou no jazz de fusão, misturando a linguagem jazística com o rock (de onde saíu um dos álbuns mais brilhantes de sempre, "Bitches Brew", dirigido por Miles Davis), e inevitavelmente saturado com esta sonoridade, Jarret decide dar um novo rumo à sua carreira e deixando para trás o piano eléctrico, aposta num som mais introspectivo e puro, a sós com o seu piano, de onde saíu este álbum.
Mas por pouco as coisas não correram pelo pior...O piano com o qual era suposto tocar não chegou e o que lhe disponibilizaram tinha um som demasiadamente metálico que lhe desagradava.Quem toca instrumentos sabe o quanto custa ter que tocar num instrumento que não nos é familiar, ainda mais se não gostámos do som que ouvimos...
Mas provando o seu profissionalismo, Jarret fez o concerto e gravou-o, ultrapassando as barreiras físicas que o pudessem prejudicar e pondo todo o seu virtuosismo em palco, voando alto e criando uma obra genial.

Para consumir...até gastar a rodelinha espelhada...