quinta-feira, janeiro 12, 2006

Presidenciais IV

Perdoem-me a insistência, em particular o meu caro MMI, mas continuo sem ver, nestas eleições, as ligações de Alegre ao Partido Socialista .
Será da perspectiva? Talvez.
É provável que estejamos a ver a questão de perspectivas diferentes, até porque eu sempre achei, e continuo convencido de que o carro-vassoura anda atrás da caravana da Volta a Portugal!
Vou tentar adiantar-me: Alegre foi agora confrontado com a possibilidade de fundar um novo partido. A resposta foi evidente: claro que não, porque é precisamente aqui que reside a diferença. O movimento que se gerou à volta de Alegre foi (quanto a mim, até prova em contrário) um movimento de cidadãos sem tendência para o associativismo permanente.
Em primeiro lugar, porque não há (ou não haveria) um ideário que não estivesse já integrado num partido existente.
Em segundo lugar, e muito mais relevante, o que Alegre pretendeu e conseguiu demonstrar é que nem toda a participação cívica e actividade política se esgotam nos partidos. Dito de outro modo, a partidocracia não é única; reina, mas não absolutamente.
E é óbvio que o ideário de Alegre só na fronteira se distingue do PS. Mas é exactamente isso que mais o afasta desse mesmo partido: é a possibilidade de buscar as suas ideias à mesma fonte das do partido, e ainda assim actuar à sua margem.
Quanto ao financiamento da campanha, não podemos esquecer o empréstimo bancário de cerca 70 mil contos (que será pago com o que a campanha ganhar com os famosos 5% de votos).
Com 70 mil contos, eu também fazia uma campanha eleitoral. Agora só me falta história, reputação, ideias políticas claras e amadurecidas, notoriedade, experiência de campanha, apoios pessoais, entre outros de que não me lembro agora e que nem sei que existem.