Para ti...
Qaundo a melancolia enche o sol, o esvazia do
seu brilho, faz baço o amarelo do rebordo, apaga
os fios de fogo que da sua esfera fulgem, pego
nele e ponho-o na travessa do bolo. Com a faca,
corto-o; e ofereço-te
uma fatia de sol, que levas à boca; ele volta a brilhar,
iluminando-te os lábios, os olhos,
o rosto. Então, beijo-te: e é como se
tocasse o sol, como se a sua chama me queimasse,
sem doer, ou como se a sua luz entrasse por dentro
de mim, quando a sobremesa
chega ao fim.
"Sobremesa" - Nuno Júdice
1 Comments:
esta é mesmo à júdice: o quotidiano simples das coisas, da contrariedade e exaltação dos afectos que encontra os seus modos de desabafo em imagens fulgurantes
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