terça-feira, fevereiro 22, 2005

Uma maioria, um Governo, um presidente...

...E eis que num belo domingo de Fevereiro, os desígnios santanistas se cumpriram...Pena é que tenham beneficiado precisamente o seu maior rival eleitoral.
Quem como eu teve a infelicidade de assistir à actualidade política dos últimos meses não ficou decerto surpreendido. Mais uma vez o Povo de que orgulhosamente faço parte soube demonstrar com a melhor arma que possui - o voto - que apesar da, na sua maoiria, não possuír ainda formação superior, não deixa por esse facto de responder em força quando sente ser essa a sua obrigação, tanto para obviar à continuação de rumos erradamente traçados e postos em prática como também para mostrar com toda a veemência que quer que as suas mais legitimas expectativas deixem de ser sistematica e injustificadamente postas em causa, sem que os resultados apresentados na altura de prestar contas correspondam aos sacrifícios exigidos.
A maioria foi clara e incontestada.A viragem à esquerda do espectro paralamentar é uma realidade.
Infelizmente, quando se esperava um consenso com a maior amplitude possível, clivam-se ainda mais as distâncias ideológicas entre os partidos de esquerda, com palavras provavelmente irrefletidas e inadevertidos tiros no pé (VIDE dircurso do líder do PCP na noite de domingo...), o que demonstra um certo "autismo" e falta de visão estratégica que tenha em conta, não a cega prossecução de ideais mas a prática de uma efectiva e realista viragem nas principais políticas deste nosso pequeno burgo. Toda a imagem que a imprensa e a própria campanha tinham criado de um novo PCP, principalmente na pessoa do seu lider, foi completamente esboroada em poucos minutos. O verniz quebrou e afinal tudo está na mesma na esquerda "mais à esquerda".
Há uma outra frase que foi muito repetida após a confirmação da maioria que me soou um pouco falaciosa : a maioria do PS foi nitidamente uma maioria de protesto, sem mais.
Ora, tal visão afigura-se demasiado simplista tendo em conta a realidade dos últimos tempos.A maioria foi antes uma demonstração de que as pessoas querem novas respostas para os seus problemas e para outros que, infelizmente, aparecem inevitavelmente ligados ao Portugal democrático pós-25 de Abril.Se essas respostas vão ser as esperadas ou não veremos. Mas o primeiro e necessário passo foi dado...
O que se deseja é uma Direita mais próxima das pessoas que dos números com novas lideranças e outra sensibilidade, inteligência e acima de tudo realismo e desapego do poder que, como se viu, em última instância deriva sempre daqueles que sentem os seus efeitos:os eleitores.
Que tenhamos um futuro melhor é o que sinceramente desejo.