sábado, janeiro 14, 2006

a minha colherada

Uma coisa que ainda não percebi, João, é o que é que o Manuel Alegre disse ou fez (neste campanha ou na sua vida política) que gerasse esse misterioso movimento apartidário. Concretamente consegues dizer-me alguma ideia que te tenha movido, que te tenha feito optar, que tenha provocado em ti um "click" a favor dele?
Eu acho que estas eleições são, no essencial, as eleições da exclusão de partes. Vota-se no Cavaco porque não se quer votar nos outros, e vota-se no Alegre porque a campanha de Soares está a ser má demais. Não há um único candidato que tenha apaixonado os portugueses.
Cavaco é o reflexo de uma opção por quem nunca vestiu a camisola de verdadeiro político (termo que já há muito passou a ter uma conotação pejorativa). Manteve-se afastado da vida partidária e assim manteve limpa a sua imagem. O descrédito na classe partidária é-lhe muito favorável. Com a sua incapacidade comunicativa, a sua figura cinzenta e sisuda demonstrando conhecer mal o estado do país (aqueles debates metiam dó...) é de realçar que, não é, de certeza, por mérito seu que continua à frente nas sondagens.
Soares, que os media continuam ridiculamente a tratar como o grande concorrente de Cavaco, todos os dias dá um novo tiro no pé. Louçã e Jerónimo continuam a sua "luta": o primeiro pela promoção do partido (por vezes a inteligência de Louçã assusta-me por ser semelhante à de Portas; ambos sozinhos fizeram "crescer e aparecer" os seus partidos), o segundo pela "luta que continua".
Garcia Pereira é a demonstração do estado a que chegou a nossa comunicaçao social, e não deixa impune o espírito de solidariedade que todos os candidatos se gabam de ter e pregar - refiro-me aos debates televisivos em que os convidados aceitaram participar, e se da direita já nada espero, do radicalismo da esquerda de Louçã e do espírito sempre-solidário-na-defesa-dos-desfavorecidos de Jerónimo esperava muitíssimo mais.
Em relação ao Manuel Alegre, ainda um apontamento. Se por um lado é um caso inédito de candidatura apartidária e isso de facto traz uma "nova força à democracia", não concebo (mesmo!) que alguém seja deputado há tantos anos! Talvez eu seja "o crítico rezingão" e isto seja uma asneira que eu não entendi, João, mas Alegre não pode continuar a refugiar-se no 25 de Abril e na construção da democracia (que já tem 30 anos!) que no seu tom paternalisto-obsessivo defende. A democracia é de todos e sendo a Assembleia da República um dos lugares democráticos por excelência, está na hora de passar o testemunho a outros, largar o lugar! A luta anti-fascista pura e dura já morreu há muito, mas Alegre ainda não fez o luto.

1 Comments:

Blogger Palmilha Direita said...

Sublinho em absoluto! Um dia destes meterei a minha colherada também!

14/1/06 16:15  

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