quinta-feira, fevereiro 09, 2006

os cartoons heréticos - IV

Caro amigo jorDas,

respondendo de uma forma simples à tua questão: devem. Reparo, no entanto, que não me exprimi da forma mais correcta, e talvez por isso tenha sido mal interpretado.

Não acho que se deva legislar no sentido de proibir a edição de cartoons ou censurar qualquer tipo de expressão (artística ou não). Não é isso, e, tanto quanto sei, ninguém falou ainda nisso para que justificasse a reacção chegar onde já chegou. O que acho é que os jornalistas (assim já percebes que a crítica que faço é ao editor e não ao ilustrador) se esquecem demasiadas vezes de um valor que, por implicar o "outro" (no sentido amplo do termo), para mim é tão ou mais importante que o da liberdade: o do respeito.

É óbvio que os responsáveis não previam a reacção violenta, mas é também óbvio que alguma reacção contavam obter, caso contrário não tinham publicado nem caricaturas nem editoriais, nem tinham sequer congeminado a ideia.

Posso dizer-te que se quiseres fazer um post com uma ou mais caricaturas de Maomé, eu, como administrador do blog, não te vou censurar, as caricaturas não serão apagadas e tu não serás expulso, nem eu abandonarei o blog como forma de protesto. Nada disso. Passo é a considerar-te uma pessoa pouco respeitadora e que por isso não merece tanta atenção nem admiração de minha parte. Do mesmo modo que ignoro a imprensa sensasionalista, por exemplo, ou as entrevistas da Constança Cunha e Sá, sem exigir que se proibam ambos.

A questão que, por minha parte, coloco é esta: se há uma religião para os crentes da qual a representação gráfica de um profeta é proibida (uma representação gráfica qualquer!), e insultuosa se feita por não-crentes, porque hei-de eu arrogar-me da minha liberdade absoluta para o fazer?

2 Comments:

Blogger o bárbaro said...

Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

10/2/06 11:06  
Blogger o bárbaro said...

Se, numa discussão de trânsito, alguém me chamar "cão", eu fico zangado. Mas, quinze segundos depois, já não me lembro.
E se o visado fosse muçulmano?
É da base do ideário democrático não tratar igualmente o que é desigual!

10/2/06 11:07  

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