terça-feira, novembro 08, 2005

o Vitorino

Ouvia-se um ronco de mota com escape furado: era o Vitorino. Se à porta da escola havia porrada: era o Vitorino. Um carro desvairado chiava pneus nas rotundas: era o Vitorino. Quem nunca usou carta ou capacete: o Vitorino.

Como defender semelhante criatura? Chamam-se as televisões (sempre tão obedientes), prepara-se o discurso de arrependido, o ar cabisbaixo que mete dó - junto da mãe, como convém. A escola Zé Maria Martins já dá os seus frutos - gostei particularmente do tique de inconformista: "já circula um abaixo assinado pelas cadeias, descriminalizemos a condução sem carta, já!". Porque no fundo no fundo, quem tem razão é Dias da Cunha: a culpa é do sistema!

Faltou sentenciar o óbvio (que o colectivo de juizes não percebeu): a proibição de alguma vez vir a tirar a carta de mota ou carro! Serviço cívico, pelo menos! Discordo da prisão (com 21 anos, crime era prendê-lo), mas pena suspensa é o mesmo que nada.

Falta ainda apurar de onde vinham os carros e as motas que Vitorino conduzia - comprados não eram de certeza. Falta perceber como é que se a polícia já o conhecia (o porreirismo de Valongo...) nunca o levou a um tribunal para que fosse imediatamente julgado e evitasse o perigo de, numa das 60 vezes, ter atropelado alguém mortalmente!

3 Comments:

Blogger o bárbaro said...

Meu caro,

Um reparozito: o Vitorino já tinha sido julgado por diversas vezes, havendo sentenças de condenação definitivas - transitadas em julgado, para quem aparece nestas andanças.

O noticiado refere-se ao cúmulo jurídico: determinar uma única pena, que o sujeito terá de cumprir.

9/11/05 19:14  
Blogger João Pedro Costa said...

És mesmo bárbaro...

10/11/05 09:50  
Blogger jb said...

Eu não sei que raio de sentenças foram essas para que o Vitorino conseguisse chegar à vez 60 ! Ou terá ele cometido todas as infracções antes do primeiro julgamento...? (ou estarei a ver a coisa do lado errado...?)
As questões processuais podem ser intrincadas o suficiente para baralhar a malta, mas o absurdo, neste caso, persiste.

10/11/05 10:09  

Enviar um comentário

<< Home