quinta-feira, dezembro 14, 2006

IVG

O título anuncia o desespero pré-eleitoral: faltam dois meses para o referendo sobre a Interrupção Voluntária da Gravidez.
A discussão vai ser escaldante - não sei se por estas bandas também - e eu só queria fazer o aquecimento (que é como se evitam as rupturas): uma organização designada não obrigada já publicou o seu mote
Contribuir com os meus impostos para financiar clínicas de aborto? Não obrigada
Devo dizer que este é um dos casos em que a vírgula muda tudo. Mas vamos ser simpáticos e ver lá a vírgula: não, obrigada.
E pronto, lá vamos nós:
contribuir com os meus impostos para financiar a saúde pública? Não, obrigado - cada um que trate da sua;
contribuir com os meus impostos para financiar os estabelecimentos prisionais? Não, obrigado - eles que vivam à fome, porque merecem;
contribuir com os meus impostos para financiar tratamento a seropositivos em fase terminal (o Hospital Joaquim Urbano, por exemplo)? Não, obrigado - eles que tivessem pensado nisso antes;
contribuir com os meus impostos para financiar apoio a sem abrigo? Não, obrigado - eles que vão trabalhar.
E por aí fora...
É preciso ser muito mesquinho e imbecil para reduzir uma questão desta delicadeza ao dinheirinho! Então, se fosse cost-free, já não haveria problema?!
E ver Maria José Nogueira Pinto dizer que em França estão a apostar no combate à doença de Alzheimer...
Bem se pode pôr a andar para França, porque gente desta categoria e espécie... não, obrigado!

3 Comments:

Blogger ++!++ said...

Porque voto NÃO:

Sou contra o aborto e contra a despenalização (mas contra penas estúpidas de prisão) porque:

1º. As ciências não são unânimes na definição do conceito "VIDA" apesar de o intuir e de a estudar.
(se alguém souber do contrário agradeço que mo diga)
Dessa forma a ciência tem difculdade em ter uma posição objectiva e universalista sobre a interrupção da geração de uma VIDA.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Vida

2º. Não existe um conceito único e também universal para o conceito "SAUDE".

O conceito varia de acordo com algumas implicações legais, sociais e econômicas dos estados de saúde e doença.
O mais aceite é o da Organização mundial de Sáude que diz :
"um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de doença.".
Separa o "mental" (imaterial) do "físico" (material).

3º Conclui-se através de um estudo cientifico que "Abortos voluntários podem resultar em traumas psicológicos que levam pelo menos cinco anos para serem superados" http://www.bbc.co.uk/portuguese/ciencia/story/2005/12/051212_abortoms.shtml
As causas mais profundas desconhecem-se pois estão no âmbito das questões de indole mental (espiritual) que a ciência ainda pouco conhece.

4. A Ciência Médica está em processo de mudança de paradigma no que concerne à profundidade das questões de índole espiritual.
(ex. mudança de paradigma: inclusão recente no Código Internacional de Doenças da Organização Mundial de Saúde -CID 10 - no ponto F44.3- "Estados de transe e possessão"... http://www.datasus.gov.br/cid10/webhelp/f44.htm).


5º O homem é constituido por Corpo (material) e Espirito (imaterial) e que muito pouco conhece sobre si mesmo.

6º A Ciência Moderna ainda não me deu resposta como se processa a fusão da Mente (espirito) com o Físico (matéria).

7º Parece-me lógico aceitar a probabilidade (por mais reduzida que seja) que essa fusão se inicie no momento da fecundação com a consequente multiplicação das células.

8º Adicionalmente desconheço as consequências que podem advir pela minha contribuição, ainda que indirecta, para a interrupção desse processo (aborto).

9º A minha mente (espirito) intui-me a racionalizar de acordo com as teorias de probabilidades pelo que meramente do ponto de vista racional (teoria das probabilidades de Pascal) opto por não contribuir ainda que indirectamente para a promoção legal do aborto já que essa decisção me colocará num campo de probabilidade cujas consequencias desconheço mas que me podem afectar negativamente.

10 º Os médicos fazerm o juramento de Hipocrates que diz
"(...)não darei a nenhuma mulher uma substância abortiva(...)
http://www.gineco.com.br/jura.htm

17/12/06 02:56  
Blogger Me, Myself and I said...

Então se calhar é melhor deixar as mulheres com menos possibilidades monetárias morrer numa "clínica" perdida por aí num monte qq, sem condições de higiene básicas nem o mínimo de dignidade...tendo que pagar balúrdios e correndo o risco de ficar com lesões permanentes, enquanto que a tia de Cascais que teve um "deslize" vai a uma clínica particular do outro lado da fronteira e resolve o "problema" facilmente.
Mas ao menos o espírito ético-científico e filosófico de algumas mentes superiores fica mais resguaardado e tranquilo...

20/12/06 17:14  
Blogger Leonor said...

Eu adorei o título de um Correio da Manhã (ou, como lhe chama um tio meu, "o assusta-velhas") deste mês, dramático e fabulástico: "Aborto vai custar milhões ao Estado!"
Wow, que novidade linda. Aliás, todos sabemos que o aborto clandestino não custa um único tostão ao Estado (e, por lógica, aos contribuintes) - todos sabemos que os abortos mal feitos e que precisam de cuidados adicionais e bem mais custosos (cama durante dias, raspagem, medicamentos, tempo médico, etc) não são custeados pelo Estado. Os traumas físicos das intervenções mal feitas, que obrigam as mulheres a ficar em casa a recuperar são, na verdade, um mito urbano. As depressões resultantes do trauma adicional (além do próprio aborto) de saber que a coisa foi mal feita é outro mito...

"Carros topo de gama dos deputados custam milhões ao Estado!" - porque raio o Correio da Manhã não escreve uma coisa destas? Ah, é verdade, deve ser porque o "assusta-velhas" é imparcial e um exemplo de magnífico jornalismo...

24/12/06 15:50  

Enviar um comentário

<< Home