sexta-feira, dezembro 29, 2006

A pergunta II

Depois de ler o post anterior, não posso deixar de discordar num ponto preciso.
Começando pelo princípio, na esteira do post anterior, sinto que, de facto, qualquer discussão sobre o referendo deverá iniciar-se pela "PERGUNTA".
E começo logo a pensar no polvo que atemoriza a sociedade portuguesa que é o sindicato dos professores de português... o que dirão as professoras de português sobre a pergunta do referendo? A vírgula que separa a "por opção da mulher" quererá significar que tal expressão não é importante no sentido geral da pergunta? E que poderá até ser excluída da mesma? Ou é só modal?
Mas o que mais me preocupa a propósito da reacção do sindicato das professoras de português (esse forte movimento lobbista nacional!!!) é a resposta que pretendem que se dê a tamanha pergunta: sim ou não! Até parece que já os vejo a coçarem-se todos... Desde logo, se a pergunta começa com um "concorda", a resposta jamais poderá ser sim - dirão "eles" (leia-se, o polvo do sindicato). Na verdade, deverá ser antes "sim, concordo" ou "não, não concordo".
No entanto, tal resposta está obviamente incompleta. Teremos todos de escrever:" sim, concordo com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, se realizada, por opção da mulher, nas primeiras dez semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado" ou "não, não concordo com..."! Nas palavras do "padrinho" do sindicato: a luta pela defesa da língua portuguesa continua!
Mas o sindicato deverá ir mais longe e deverá mostrar-se insatisfeito com o simples "sim/não" na medida em que, na sua opinião, se deveria dar uma maior margem de liberdade e autonomia na resposta. Por essa razão, deverão avançar com uma proposta que consistirá, sumariamente, na possibilidade de cada um ir votar e dar a sua opinião num limite mínimo de 50 palavras e limite máximo de 1050, sem nunca ultrapassar as 30 linhas! E ganhará o referendo aquela opinião que estiver melhor construída, melhor justificada, no fundo, a melhor classificada! Só se tal proposta for aceite é que este referendo terá o apoio incondicional do sindicato!

Por isso, meus caros, além da PERGUNTA (e é aqui que discordo do post anterior) importa também discutir a RESPOSTA. Ou seja, não é assim tão linear, como nos faz crer o post anterior, que a resposta seja só Sim/Não...pelo memos por agora!