Last but not least, o álbum mais belo que ouvi este ano.
A voz de Bill, ex Smog, enquadra-se perfeitamente com as letras a espaços irónicas, e as composições serenas, simples, frequentemente acompanhadas de cordas de orquestra que completam o cenário idílico que este álbum nos traz.
Capaz de conjugar solos longos e intensos com o cuidado dos silêncios, como os clássicos tão bem demonstraram como fazer, Redman, aqui acompanhado por 3 grandes músicos, nomeadamente o contrabaixista de Brad Mehldau, não deixa os seus créditos por mãos alheias e consegue um álbum incrível, carregado de improviso e composição de qualidade superior.
Depois de álbuns anteriores de qualidade nem sempre ao nível desejado, os Phoenix organizaram idéias e optam por um estilo bem mais convincente, em que sintetizam pop, rock e alguma electrónica mais ligeira.
Em boa hora o fizeram, já que o álbum é uma irrepreensível sucessão de singles de pop dançável e radio-friendly, sem perder carisma e pertinência.
A melhor prova em 2009 de que o Pop pode ser simultaneamente democrático e de bom gosto inquestionável.
Este álbum transborda a festa, com uma jovialidade e frescura que, por serem raras, se destacam num panorama musical cada vez mais formatado e escravo de modas e tendências (como o lo-fi e outros que tais...).
Basta ouvir as 2 primeiras musicas do álbum (depois do texto) para o entusiasmo crescer com o estilo retro destes Girls, inspirado no surf-rock dos 60´s, mas capaz de manter uma personalidade muito própria que os torna tão especiais.
De repente vemo-nos levados para a adolescência, numa road-trip com amigos correndo a costa da California num Cadillac descapotável, no worries, no cares.
Quando um disco nos faz de tal forma cúmplice com o que transmite , algo bom terá...
Depois de In the Attic of the Universe (2007), que gravou sozinho num sotão , Peter Silberman alarga os seus Antlers e grava um álbum conceptual, desta vez em torno da vivência num hospício.
A espaços soturno e melancólico, polvilhado com pedaços de esperança e até alegria, Hospice transborda de beleza e cria inevitavelmente laços com quem ouve e esteja com o mood certo para se deixar tocar por este tratado acerca do ser humano em situações limite.
Em ano triunfal para a Flor Caveira e os seus fiéis, louvados quase unanimemente por toda a imprensa dita "especializada" (embora nem sempre com total justiça...), este álbum infelizmente ficou esquecido.
É uma experiência quase religiosa (perdoem a ironia...) entrar neste mundo cuidadosamente urdido por Norberto Lobo.
Guitarrista auto-didacta e talentoso, espraia o seu virtuosismo em cada tema, como se o espaço e o tempo não existissem.
Álbuns como este são impossíveis de escutar num qualquer autocarro ou metro com os phones nos ouvidos. Pedem calma, atenção a cada pormenor.
Nesta altura em que, lamentavelmente, o imediatismo e o consumo massivo são a regra, refúgios com este são bem-vindos.
Não são definitivamente uns novos Young Marble Giants.
O álbum, coerente no seu registo monocromático e lento, torna-se cansativo à 2ª ou 3ª audição.
Mas há grandes temas e ideias simples e originais. As vozes serenas dos vocalistas enquadram-se perfeitamente nos cenários que os omnipresentes baixo/beatbox criam.
O que melhor me aconchegou os ouvidos no ano que finda...
Grizzly Bear - Veckatimest
Quem já os conhece de álbuns anteriores, dificilmente se surpreende com a qualidade superior deste disco, em que finalmente conseguem aliar o arrojo e originalidade dos arranjos e vozes a uma sonoridade mais "democrática" (no bom sentido...).
A ouvir em repeat...nunca cansa e as descobertas são constantes.