segunda-feira, fevereiro 28, 2005

as não-surpresas



A Academia já não surpreende pela surpresa das escolhas. Nem surpreendem as nomeações por si só, ignorando filmes que saltam directamente para a gaveta e para o pó. Da noite de ontem, isto: a maior injustiça, faltou o óscar de melhor realizador para Scorcese; gosto muito do Morgan Freeman, merece ser premiado por um justo principal papel que há-de vir, não por um secundário demasiado secundário...; tenho que ver o Ray para confirmar o mérito de Fox (DiCaprio está em grande, inegavelmente); grande Hillary Swank, grande Cate Blanchett; Billy Cristal volta estás perdoado. Para o ano há mais. Do mesmo.

"The way of the future..."

Inevitavelmente, os Oscars...
Cerimónia pomposa, passadeira de vaidades, o balanço de um ano de cinema, essencialmente o americano, feito por um painel alargado de personalidades com uma vida ligada ao cinema e cuja idade média ronda os 60 anos...
Apesar dos pesares, houve muito boas surpresas que, ao contrário do habitual, foram mais do que meras nomeações para ficarem bem nas promoções aos DVD´s. No entanto, a incerteza maior centrava-se no disputa entre dois experientes e já consagrados realizadores: o "eterno" nomeado Martin Scorcese (e vão cinco nomeações para melhor realizador perdidas...) e um Clint Eastwood que, em boa altura, começa a "sacar da cartola" alguns dos maiores clássicos de sempre do cinema americano .
Um mau sinal, poder-se-ia pensar a início. Sinal de que o conservadorismo americano se reflecte cada vez mais na sua indústria cinematográfica e, mais do que isso, era premiado...Puro engano. Sobram ainda os pequenos nichos onde a inovação e a frescura são levados em conta : os argumentos.
Scorcese, mantendo a tradição, perde novamente, desta feita para Clint Eastwood, os galardões da noite : Melhor Filme e Melhor Realizador, ganhando apenas em categorias consideradas secundárias.Infelizmente ainda não pude ver "Million Dollar Babe"...mas sinceramente se não foi desta, quando será que a Academia vai dar o reconhecimento devido a um dos maiores realizadores do cinema mundial? Quem podia ter salvo a honra seria Di Caprio, com o seu desempenho "larger than life".Mas "Ray" cantou bem mais alto e, merecidamente, confirma-se uma nova estrela no firmamento de Hollywood : Jamie Foxx. Ganha, pelo menos, Cate Blanchet, memorável na sua recriação da diva Hepburn.
As "surpresas", que não o deveriam ser, foram o Oscar (que já tardava...) para um dos génios criativos do cinema actual : Charlie Kaufman. "Eternal Sunshine of the Spotless Mind" é um daqueles filmes singulares, com planos inesqueciveis, visualmente único, com um argumento brilhante e um elenco a condizer...
"Sideways" leva o Oscar para argumento adaptado. Alexander Payne pega no livro de Rex Picket e cria um filme de ambiente relaxado, com uma excelente banda-sonora "jazzy", onde só o essencial é destacado e se aposta numa boa disposição contagiante para contextualizar uma história simples de dois amigos que partem juntos numa "road trip" pela rota dos vinhos americana em busca de diversão e encontram algo mais... É um daqueles que vão ficar tão bem na prateleira...
Quanto aos restantes galardões, nada que não fosse já perfeitamente previsivel...
A cerimónia em si teve os seus altos e baixos... Excelente foi a dinâmica que este ano recebeu, vendo a sua duração substancialmente reduzida e inovando na variação dos espaços onde os prémios eram entregues.
Momentos altos foram a subida ao palco de Jorge Drexler, vencedor do Oscar para Melhor Canção Original, que aproveitou para fazer o que Academia o impediu de fazer durante a cerimónia (substituindo-o por um imprestável e quase ridículo Banderas) : cantar a música que compôs e escreveu...Sean Penn, ao seu melhor estilo cáustico, quando responde a Chris Rock em defesa de Jude Law, enxovalhado no "oppening statement" do apresentador de serviço, Jamie Foxx no seu "acceptance speach", Yoyo Ma (não sei se isto ta bem escrito...) na homenagem aos artistas falecidos...
Momentos menos bons: os excessivos intervalos, o acompanhamento da TVI que é simplesmente mau (abençoada telefonia...), a overdose de Beyoncé (só lhe faltou sapatear...), o discurso do Presidente da Academia e o próprio Chris Rock referindo-se à guerra no Iraque...
Mais uma cerimónia...Para o ano há mais!

domingo, fevereiro 27, 2005

outro grande a não perder

sexta-feira, fevereiro 25, 2005

faria hoje 150 anos



"Se eu não morresse, nunca! E eternamente
Buscasse e conseguisse a perfeição das cousas!
Esqueço-me a prever castíssimas esposas,
Que aninhem em mansões de vidro transparente!"

Cesário Verde, in O Sentimento Dum Ocidental

o primeiro sinal

Jorge Coelho anuncia que não vai integrar o novo governo PS para se dedicar ao partido, mais concretamente à coordenação autárquica. Excelente opção! Como o próprio afirma, Sócrates não pode cometer o erro de Guterres quando se "alheou completamente do PS" no seu segundo mandato de governação. Enquanto Sócrates governa, Coelho trata da casa. É bom, evita-se cair na confusão partido/governo como fez Santana Lopes. Espero que seja um sinal verdadeiro de como o PS aprendeu com os erros do passado. E por si só um sinal de confiança, se realmente nada for como dantes.

quinta-feira, fevereiro 24, 2005

o problema do sexo

Antes de comentar a entrevista propriamente dita de JCN gostava de escrever sobre o que ela me suscitou: a questão da importância do sexo na sociedade actual, ou, como lhe chamo no título, o "problema" do sexo. Sobre o aborto, a Igreja e outras polémicas questões escreverei noutra ocasião.

É hoje sabido que ao longo dos tempos as sociedades têm revelado uma abertura cada vez maior no que respeita a comportamentos, práticas ou manifestações que caracterizam dinâmicas sociais e culturais (de grupo ou individuais) onde a cultura do prazer e a sexualidade têm enorme peso. Gilles Lipovetsky já há muito identificou a "sedução non-stop" a que estamos cada vez mais expostos, como dois dos agentes da nominada "era do vazio". Na sociedade aberta e democrática cresceu o espaço (e ainda bem) dos grupos minoritários como os gays e as lésbicas, que agora podem defender os seus direitos e manifestar-se publicamente. A pornografia, quando não aparece disfarçada em publicidade a produtos não-eróticos como produtos alimentares ou automóveis, ou em video-clips musicais, é de acesso gratuito. Quebraram-se tabus, nasceu toda uma industria (farmácia, vestuário, cinema, música) à volta do sexo.
"O sexo é uma força extraordinariamente poderosa que define a nossa vida. JCN". Que regula uma parte muito considerável da vida do homem enquanto ser social e em relação, diria eu de um modo menos dramático.
Tudo é rápido e fácil (internet). Há cada vez menos tempo para pensar, reflectir, orientar as linhas da vida de cada um. Não há tempo para a introspecção, a sociedade "evoluiu" rápido de mais e não houve ainda tempo de pensar como lidar com muitos novos desafios, entre os quais alguns de índole sexual: quem são os homosexuais, podem eles adoptar crianças, o que é a pedofilia, quem é realmente o pedófilo, os pedófilos são homosexuais, são ambos doentes?
A resposta a muitas destas questões resulta do confronto cultura vs ciência. Apesar da evolução igualmente supersónica da ciência e da sua crescente credibilização, os juízos sobre estas matérias são feitos com alguma reticência quanto às provas científicas. Há um peso moral e cultural que torna difícil lidar com os factos científicos, ou seja, que por vezes os não considera como tal por chocarem com a sua "longa educação".
Mas se tivermos como verdadeiros esses factos podemos lançar várias questões que servem para mostrar o peso da sexualidade na nossa sociedade. Como reagirá, por exemplo, um homosexual ou um pedófilo a estudos que demonstrem inequivocamente que o seu cérebro tem patologias, ou seja, que os seus consequentes comportamentos não são normais? Como encarará a sociedade a sua "diferença"? Estará este ao mesmo nível de outro com desvio mental? Como encarará a justiça estes casos? Haverá atenuantes em casos de crimes sexuais como as há para os dementes? Deve Carlos Cruz ser parcialmente perdoado se se provar que tem uma doença neurológica que o assemelhe a um mongolóide, como a lei prevê? É ou não mais difícil perdoar-lhe o mesmo crime se a patologia estivar ligada a comportamentos sexuais anormais? Ou então, como encararão dois homosexuais a impossibilidade de adoptarem crianças por se provar que com alta probabilidade a criança em homosexual se tornará, por maior que seja o amor entre o casal e a criança? Como é que um desvio que pode ser ocultado, escondido, que não é visível como é, por exemplo, no mongolismo ou na esquizofrenia, é assumido pelos seus "portadores" e pela sociedade?
Haverá espaço na sociedade para aceitar a verdade da ciência? Haverá, por hipótese uma comunidade científica que há muito conhece a verdade, mas não consegue implantá-la socialmente? Como lidar com esta poderosa força que paradoxalmente nos agride e nos protege?

terça-feira, fevereiro 22, 2005

entrevista a João César das Neves + debate

Não sei se vos terá passado despercebida (como me passou a mim) a entrevista que o economista João César das Neves deu a um diário a semana passada...
Ferveroso católico, como há muito se assume, JCN sempre usou um discurso muito forte e directo para falar de temas como a homosexualidade, o aborto ou a pedofilia, que tanto opõem a Igreja Católica à sociedade em geral. Com o caso da Casa Pia em julgamento, com as ameaças bloquista de referendo sobre o aborto e com os tão reivindicados direitos por parte dos homosexuais, seria interessante a leitura desta entrevista como ponto de partida para um debate. Concordando ou não com o que JCN escreve, é consesual que nenhum dos temas esteja morto e enterrado. Sem querer levar o blog por caminhos homicidas, gostava, porém, que déssemos uns espingardadas nos assuntos a ver se estremunham menos e deixam de ser incómodos como ainda sinto serem. Podem ter acesso à entrevista aqui. Não sei se está completa, mas tem já muitos pontos de partida. Façam pelo menos (e se quiserem, claro) um comentário ao que JCN diz. O resto virá naturalmente.

Uma maioria, um Governo, um presidente...

...E eis que num belo domingo de Fevereiro, os desígnios santanistas se cumpriram...Pena é que tenham beneficiado precisamente o seu maior rival eleitoral.
Quem como eu teve a infelicidade de assistir à actualidade política dos últimos meses não ficou decerto surpreendido. Mais uma vez o Povo de que orgulhosamente faço parte soube demonstrar com a melhor arma que possui - o voto - que apesar da, na sua maoiria, não possuír ainda formação superior, não deixa por esse facto de responder em força quando sente ser essa a sua obrigação, tanto para obviar à continuação de rumos erradamente traçados e postos em prática como também para mostrar com toda a veemência que quer que as suas mais legitimas expectativas deixem de ser sistematica e injustificadamente postas em causa, sem que os resultados apresentados na altura de prestar contas correspondam aos sacrifícios exigidos.
A maioria foi clara e incontestada.A viragem à esquerda do espectro paralamentar é uma realidade.
Infelizmente, quando se esperava um consenso com a maior amplitude possível, clivam-se ainda mais as distâncias ideológicas entre os partidos de esquerda, com palavras provavelmente irrefletidas e inadevertidos tiros no pé (VIDE dircurso do líder do PCP na noite de domingo...), o que demonstra um certo "autismo" e falta de visão estratégica que tenha em conta, não a cega prossecução de ideais mas a prática de uma efectiva e realista viragem nas principais políticas deste nosso pequeno burgo. Toda a imagem que a imprensa e a própria campanha tinham criado de um novo PCP, principalmente na pessoa do seu lider, foi completamente esboroada em poucos minutos. O verniz quebrou e afinal tudo está na mesma na esquerda "mais à esquerda".
Há uma outra frase que foi muito repetida após a confirmação da maioria que me soou um pouco falaciosa : a maioria do PS foi nitidamente uma maioria de protesto, sem mais.
Ora, tal visão afigura-se demasiado simplista tendo em conta a realidade dos últimos tempos.A maioria foi antes uma demonstração de que as pessoas querem novas respostas para os seus problemas e para outros que, infelizmente, aparecem inevitavelmente ligados ao Portugal democrático pós-25 de Abril.Se essas respostas vão ser as esperadas ou não veremos. Mas o primeiro e necessário passo foi dado...
O que se deseja é uma Direita mais próxima das pessoas que dos números com novas lideranças e outra sensibilidade, inteligência e acima de tudo realismo e desapego do poder que, como se viu, em última instância deriva sempre daqueles que sentem os seus efeitos:os eleitores.
Que tenhamos um futuro melhor é o que sinceramente desejo.

vale a pena ver


"Million Dollar Baby", Clint Eastwood, Hilary Swank, Morgan Freeman

legitimidades

Surgiram-se-me estes dias duas questões que gostava de partilhar convosco.
A primeira tem a ver com a legitimidade de termos em Portugal governos que nascem, não directamente das eleições, mas indirectamente, via parlamento. Julgo que em Inglaterra o mesmo não acontece: o governo é obrigatoriamente composto por eleitos a deputado. Para além da incerteza à volta dos potenciais ministros do partido vencedor, temos a incerteza à volta dos chamados "independentes" que podem também ser chamados a S. Bento. Demasiada incerteza numa dita democracia. E aqui surge outra questão, que é a da importância do governo relativamente à assembleia, único corpo popularmente votado. É certo que na assembleia se produz e aprova legislação com vista à resolução dos problemas do país, mas são os ministros os grandes responsáveis pelo "estado da nação". Porque dão a cara todos os dias, estão mais expostos, sofrem pressões e têm que coordenar, gerir e agir. É neles que depositamos confiança e são eles os únicos que podem retribui-la. É das suas opções, dos seus comportamentos, das suas atitudes que, aliadas a uma imagem - numa sociedade cada vez mais mediatizada - dependem as acções e os movimentos dos vários vectores socio-económicos que são a dinâmica do país. Como, então, perceber que sejam escolhidos por aqueles que nós escolhemos, e não por nós mesmos?
A outra questão é a da rotatividade de mandatos. O caso mais flagrante é o do Bloco de Esquerda nas últimas assembleias. Nos poucos lugares conquistados no parlamento, o Bloco "rodava" os seus dirigentes mostrando que não se agarram ao "poder". Se o gesto é por um lado bonito, é-o, por outro pouco legítimo, já que se tratam de deputados que não foram eleitos por ninguém. Não sei se invocavam alguma clausula para avançar com supelentes para a substituição em caso de ausência, mas penso que a rotação não era tão esporádica que se legitimasse.
Não quero com isto ser injusto e criticar os mais pequenos e mais novos, porque em termos de "comportamentos parlamentares", a casa é pouco digna e o (mau) exemplo vem dos mais velhos. Apenas dúvidas suscitadas e agora partilhadas.

segunda-feira, fevereiro 21, 2005

começa hoje

a bonança

Tanto para dizer da noite de ontem, mas acima de tudo quero apontar o grande privilégio que é poder(mos) assistir a tudo, estar(mos) vivo(s) neste tempo, poder(mos) comungar desta riqueza histórica, guardar aquelas horas como tesouros, à parte de cores ou inclinações partidárias.
Confesso-me surpreso mas feliz por saber que mais portugueses partilhavam da necessidade de uma mudança à esquerda capaz de, não só subir os mandatos do Bloco e da CDU, mas também dar maioria absoluta ao PS. Enganei-me no prognóstico e ainda bem: o único vencido é a direita, inequivocamente.
A surpresa veio também do PP, sangue-do-sangue de Paulo Portas que, abaixo dos sonhados 10%, abandona a direcção. Falou a dignidade acima da sede de poder? Não. Falou a dignidade por não existir poder do qual pudesse ter sede.
Já Santana não surpreende. O "menino-guerreiro" não abdica, não tem vergonha (mas envergonha), não descola, porque é vítima, e por isso fica triste e pede que dele tenham pena, e lá vai continuando a sua luta, à conquista do improvável palácio.
O PS teve o que queria. Falta saber se a prenda é merecida, se Sócrates está acima de Soares ou Guterres, como a sua maioria está para as outras maiorias. Espera-se com muita espectativa os nomes do governo, será mesmo fundamental saber se voltamos a um guterrismo caduco ou se avançamos para um socratismo inovador.
Contamos, mais do que nunca, com a sensibilidade e o trabalho da restante esquerda, que se espera pôr o dedo em muitas feridas. Ser minoritário no parlamento não significa a proibição de legislar. Propôr, confrontar, questionar, dinamizar, é possível e há vontade para isso.
Por último, esperar que os ciclos de maiorias não sirvam apenas para mandar os grandes para o estaleiro resolver problemas internos ao partido, alheados do trabalho de uma oposição séria, competente e madura.
Ainda isto: apesar de criticável a forma como o fez, na essência Sampaio teve toda a razão ao decidir pela dissolução. E desta forma salva o seu último e difícil mandato. Novo Presidente procura-se, este o próximo capítulo político.
Teremos quatro (espera-se) ininterruptos anos de governação. Esperamos um PS aberto à esquerda e não fechado ao centro. Na bonança de hoje é bom não esquecer a tempestade que já teve tempo de chegar a assentar arraiais. Se difícil é o combate pela vitória, não o é menos nem menos hercúleo será o que ainda agora começa.

João Bateira

sexta-feira, fevereiro 18, 2005

a esquerda

Se puderem leiam hoje no Público o artigo de Eduardo Lourenço que fala da cultura/ideologia dos partidos de esquerda. Realça, o ensaísta, a importância da ideologia do PCP como reminiscência (infelizmente) do espírito de Abril que devia ter persistido no PS, único partido da esquerda que evoluiu desde 74 no sentido da potência governativa. Critica este (com outras palavras) por ter-se tornado uma insipiente máquina de função pública, onde a limitada concentração de saberes em tarefas executivas esvaziou a componente cultural originária no mesmo espírito de liberdade e libertação nos quais os comunistas se orgulham ainda de inspirar.
E não será este o grande motivo da confusão entre PS e PSD, e, como consequência disso, da indecisão de muitos votantes? A actual diferença ideológica não existe, ou se existe é muito ténue. São os dois "centristas". As diferenças são constantemente lembradas pelos seus líderes com base num passado pautado por sucessos e insucessos governativos, mas já ele muito pobre ideologicamente. O PS reduziu-se ao "desempenho", encheu-se de intelectuais e deixou-se maravilhar pela "máquina rosa" (como bem nos mostra o Carlos no post sobre os partidos em campanha): teóricos com enorme capacidade e reconhecidas carreiras académicas, ou "enérgicos" militantes capazes de dar a vida pelo partido (ou pelo poder, já se duvida); homens e mulheres inteligentes cada vez mais propositadamente alheados da "velha força motriz" que nos primórdios os moveu como nunca.
O cronista Eduardo Prado Coelho (do qual admito desconhecer qualquer filiação partidária) espelha, também hoje no Público, esta realidade quando afirma que votará no PS "sem estados de alma", mas que lhe agrada ver ao lado de Sócrates a "energia" de Jorge Coelho e a inteligência de António Vitorino, porque ambos complementam o brilhante líder, que, pelo que Prado Coelho não disse, será o homem ideal para governar o partido e o país. É esta falsa incapacidade de assumir que os homens de Guterres governaram mal e não devem ser postos na mesma prateleira de gente nova com provas dadas (ainda que fora da cena política nacional), que se torna sintomática no Partido Socialista. E é isso, ao mesmo tempo, que torna o PS mais "centrista" que "esquerdista". A venda que os novos-velhos candidatos socialistas colocaram no novo secretário geral e querem colocar aos eleitores é vista como a cedência ao interesse e ao oportunismo desde sempre criticados pela própria esquerda.
Ao mesmo tempo, é muito curioso ver a posição dos comunistas nas últimas sondagens ( acima do BE e do PP), que com o seu novo líder parece ter ganho novo fôlego. Conhecendo o programa de governo do PC como já se conhece, é de admirar que, em comparação com o BE, estes não fiquem acima na tabela da corrida. É certo que o Bloco está ainda em crescimento e ainda não se impôs socialmente como força partidária alternativa, essencialmente devido à sua curta história. Mas mesmo assim, não seria de esperar que houvesse uma certa quebra (que as sondagens não prevêem) nos votos do PC? Miguel Sousa Tavares assume a "lufada de ar fresco" que está a ser em toda a campanha, Jerónimo de Sousa. O que pode a esquerda (PS e Bloco) aprender com ele, um dos resistentes e persistentes de Abril? Por vezes tenho a sensação de que a sinceridade, a naturalidade e a transparência dão mais confiança às pessoas e à economia do que as bandeiras e as modas dos "choques".

João Bateira

quinta-feira, fevereiro 17, 2005

O Debate Final (mais vale tarde...)

O Debate Final...Titulo a roçar a ficção cientifica.Talvez um sinal do que se avizinhava...
Ainda actual apesar de já ter dois dias de distância.
O debate que todos esperávamos, para não variar, ficou aquém das expectativas.Mas o que perdeu em termos de esclarecimento para os indecisos (grupo de que felizmente, se já não fazía parte, ainda menos faço neste momento...), ganhou em termos de "espectáculo" televisivo.Sempre é melhor que a "Cabocla" ou os batanetes e afins.
Mas já lá vamos.
Antes não será demais referir o verdadeiro "circo" que se gerou um torno do falecimento da nossa "vidente" de Fátima (como insistentemente foi chamada em todos os blocos noticiosos) e os efeitos que produziu na campanha eleitoral em si. Sem desrespeito por quelquer crença ou convicção, a cobertura que foi dada em todos os canais de sinal aberto (excepção feita à 2) às exequias funebres da falecida foi manifestamente exagerada.Que tipo de serviço público será esse?Fica a pergunta...
Depois ficou também o episódio do cancelamento de toda e qualquer actividade na campanha do PP, acompanhado depois pelo PSD, o qual ainda em funções governativas, resolveu estender o luto do seu partido a todo o país que, apesar de maioritariamente cristão, com certeza não comungará os mesmas ideais pessoais e religiosos do nosso Primeiro-Ministro. Uma consulta aos artigos iniciais da Constituição da República Portuguesa seria proventura útil...Aquela parte..."O Estado Português é laico..."
Mas a trama adensa-se...Veio depois o "devoto" quase-ex-ministro da Defesa e do Mar fazer questão de estar presente no último adeus, acabando por o fazer numa cerimónia onde supostamente só familiares e pessoas íntimas estariam presentes, e onde queria permanecer discreto (apesar de todos os jornais do dia seguinte referirem o facto...), o que lhe valeu críticas que indiciavam tentativa de aproveitamento político, o que o seu gabinete veio de imediato desmentir, acompanhado de um suposto sobrinho da falecida, aparentemente quem lhe facultou a entrada na cerimónia...
Finalmente o debate...Houve de tudo para todos os gostos.Houve coitadinhos brigões, discursos vácuos, discursos seguros, drama e até espionagem e surpresas bombásticas.
Antes de mais, uma palavra para os moldes em que este conceito de debate foi levado a cabo. O tempo sobrepõe-se às ideias e à fluência destas e, embora se ganhe ao nível da organização e da ausência (embora não total...) de interrupções constantes, perde-se nitidamente ao nivel da abrangência dos temas postos na mesa, demasiado redundantes e limitativos, deixando de parte áreas de suprema importância como o nosso futuro na Europa e quais as orientações a dar à politica externa, a agricultura ou os problemas cada vez mais agravados de escoamento no sector textil.
Saíram a ganhar, nitidamente, os partidos normalmente menos expressivos na urnas. Os pontos mais negativos de um debate que se pretendia o mais pluralista possível foram, infelizmente e como já vem sendo hábito, o modo como se focalizou na revisão do passado recente e já não tão recente (o já inevitável "pântano" deixado pelo PS e as "culpas no cartório" imputadas a PSD e PP) e na discussão entre PSD e PS sobre fait-divers e acusações avulsas, de onde ressaltou a falta de lucidez e concisão no discurso, que sobrou no BE e no PP. Por outro lado, faltou também uma outra visão de questões específicas e problemas que nem sequer foram aflorados, e que Jerónimo de Sousa poderia ter contribuído para trazer a lume, como o fez na única intervenção perceptivel que logrou fazer.
Santana surgiu diferente do debate a dois, "jogando à defesa" e limitando-se a defender dos ataques que lhe eram dirigidos, contra-atacando em vez de procurar fundamentar as decisões tomadas e a tomar, sendo facilmente anulado por Sócrates e Louçã. A parte da espionagem surge quando Judite de Sousa relembrou, referindo-se a uma recente entrevista televisiva em que Santana refere um alegado "acordo secreto" entre PS e BE...O discurso final, que anteriormente tinha desequilibrado a balança a seu favor revelou-se, desta vez, insuficiente para tal efeito.
Sócrates não foi capaz de justificar em discurso a maioria que insistente e incessantemente pede, procurando antes utilizar o método da repetição à exaustão da ideia da "mudança necessária para mudar o rumo das coisas" para procurar persuadir os ainda indecisos, para os quais dirigiu a sua intervenção final. Poderia ter saído facilmente vencedor mas confirmou antes a sua dificuldade em lidar com o meio televisivo.Quanto às ideias expressas, poucas novidades foram apresentadas sendo, no entanto, evidente um quase consenso com o BE, havendo apenas uma pequena discussão relativa à segurança social.
Portas, como é seu apanágio, conciso e bem preparado, surge com um discurso coerente, embora um pouco risível em certas ocasiões, nomeadamente quando apresenta provas estatísticas da possibilidade de "roubar" mandatos parlamentares ao PS como justificação para os alegados ataques de que vem sendo alvo por parte do líder socialista, argumento desmontado pelo próprio moderador, relembrando-lhe o método de eleição dos deputados pelos seus circulos eleitorais, ou quando dirige o seu discurso à classe média, sendo o PS quem lhe relembra o congelamento de salários e lhe aponta a co-responsabilidade pelos erros do Governo.
Louçã, seguro e "com conhecimento dos dossiers" protagonizou o melhor momento do debate, ao deitar por terra o que previsivelmente seria o principal alicerce do discurso de PSD e PP:o combate aos grandes interesses instalados, principalmente da banca e da chamada "alta finança".Fê-lo comprovando documentalmente uma alegada isenção fiscal a uma fusão de balcões do grupo Santander (apesar de legal, bem comprometedora...), acusação de que Santana procura defender-se relembrando casos similares no Governo PS. Louçã remata dizendo que os erros não se tornam justificáveis pelo simples facto de serem repetições do passado. Portas inteligentemente não se pronunciou sobre a questão, deixando o companheiro de coligação dar o já tradicional "tiro no pé" sozinho.
A coligação à esquerda no caso de maioria relativa do PS foi novamente centro das atenções com Sócrates a repetir o já repetido e Louçã a abrir a porta a "acordos parlamentares".A frase enigmática de Portas ficou também no ar quando refere também ter direito a não antecipar cenários políticos que lhe sejam desfavoráveis...mas daí a extrapolar que o PP não fecha a porta a acordos pós-eleitorais à esquerda vai alguma distância.
Em suma, nada de novo se tirou de praticamente 2 horas de debate.O que se espera é que não tenha contribuído para o aumento exponencial da abstenção, já que o interesse demonstrado pelas audiências foi inequívoco.Supostamente terá sido o programa mais visto na televisão pública nos últimos 4 anos...
Ontem, no momento do dia, Santana finalmente assina o célebre "contrato com os portugueses". Uma cópia era bem vinda..nem que seja com assinatura digital semelhante à do milhão e meio de cartas a pedir o favor ao humilde votante de fazer justiça votando, para que continue a luta contra os grandes interesses instalados...
Haja lucidez e bom senso no domingo e que ganhe o melhor!

quarta-feira, fevereiro 16, 2005

a voz do índio

De facto a única surpresa do debate a 5 de ontem à noite foi ter-se tornado a 4 pela rouquidão de Jerónimo de Sousa. É triste: temos o período de campanha com a maior preocupação de informação e debate de sempre, e no entanto, aquele em que os líderes menos têm de interessante para dizer. Já farto de ouvir a mesma lengalengas sugiro: palpites para resultados.
Eu acho que o PS vai ganhar sem maioria absoluta. Muitos dos indecisos ficaram fartos do "disco-riscado-sócrates" e vão votar Bloco. O PSD vai perder as eleições. E será o único derrotado, porque o colega de governo vai subir, e às suas custas - e Santana será substituído na liderança do partido, mas Portas não. O Bloco de Esquerda subirá às custas do PS com tanto mérito como o do PP, embora em patamares diferentes - o Bloco estuda, é coerente e tem vontade de governar; os ministros demitidos e demissionários PP, independentemente das opções tomadas, foram sérios e firmes no seu trabalho, o que merece o reconhecimento de competência pelos eleitores outrora laranjas. A CDU subirá ou descerá consoante a reacção dos camaradas ao seu novo líder - que agrada mais ao proletariado e menos aos renovadores. Até lá aguarda-se o regresso da voz do índio, e a sua inquietante serenidade.

João Bateira

segunda-feira, fevereiro 14, 2005

1ª vez...Não custou nada...

Foi com muito prazer que hoje recebi um mail do grande João Bateira a convidar-me para ser parte integrante deste novo e aliciante mundo da blogosfera... após 6, 7 minutos (tempo que dura o lusco-fusco...) de hesitação perante a enorme responsabilidade que ante meus olhos surgia, resolvi aceitar o convite pois, com tão ilustre remetente, seria a única resposta possível...
Opinião política...Tanto para dizer...
O debate de ideias puro e duro como se exigia a uma campanha eleitoral de um país com uma democracia digna desse nome simplesmente foi relegado para último plano...Porquê?
Acho que a resposta se afigura bastante simples.Quando se torna mais fácil e proveitoso para a corrida aos votos a "pessoalização" da campanha em substituição do afloramento de assuntos essenciais da actualidade como, por exemplo, meios para ressuscitar uma economia q já há tanto tempo não dá sinais de vida ou pelo menos atenuar a evasão fiscal que já se tornou ridiculamente comum de tão fácil que é, nada melhor que "go with the flow"...
Conversa de backstage :" Eh pá, tu não conheces um tipo que trabalha no 24 Horas e outro que trabalha no Independente?" "Por acaso, agora que lembras, conheço pá" "É que eu tou aqui com umas ideias para tentar aquecer esta campanha...è que isto tá do mais morto que há.Enquanto não houver aí uns bons "furos" a circular fico preocupado.Já viste se começam a reparar andamos com receio de falar muito do nosso "contrato com Portugal"?" "Realmente tá bem visto...Manda aí as boas novas que amanhã tens isso publicado..."
"Haverá coisa mais bela do que o poder dos media?
Depois é só ir referindo isso nos discursos ao povão e está lançado o isco...EHEHEH!!!!"
Depois temos também o outro lado da barricada...Quando não há muito para dizer, das duas uma:vamos buscar a "velha guarda" para fazer de "teleponto" ou simplesmente não dizemos nada e em tudo o que tivermos MESMO que dizer, somos extremamente vagos...Faz-se à Barroso, olha que resultou...Temos também a "3ª via":nos discursos ao povão falamos das misérias e erros crassos que os adversários andam a fazer/dizer em campanha e fora dela...Sempre é mais facil que falar em medidas concretas e na composição de um eventual futuro Governo de Portugal...
Enfim, os erros são tantos que dificil vai ser não fazer uns desenhos obscenos no boletim de voto.
Assim vai a vidinha na Terra Onde Judas Continua SEMPRE A Perder as Botas...

o luto

Não considero correcto que se decrete luto nacional em memória de uma pessoa cujo papel relevante na história de Portugal está essencialmente ligado à Igreja Católica. Acho lamentável o aproveitamente político que se possa tirar deste acontecimento. Para que se decrete tal luto, terá que haver, como aliás em todos os outros casos, um sentimento generalizado comungado por uma maioria de forma inequívoca, o que me parece, neste caso, não acontecer. Deve, cada um como entender (e se enteder) cuidar do luto à sua maneira, mas nunca de forma imposta. Acho uma falta de honestidade e de responsabilidade a atitude de "choque emocional" na suspensão total das acções de campanha por parte de alguns partidos. Mais que nunca era necessário que o nosso primeiro ministro demitido e demissionário percebesse que não pode misturar o governo com o partido. Nunca vi com bons olhos grupos chamados "democratas-cristãos". Pelas opções que tomam, de cristãos não têm nada, e mesmo que tivessem não deviam, num estado laico em que vivemos, misturar a religião com a política. É óbvio que não os vejo a legislar com base nos Evangelhos, como fazem os árabes, mas amputam de uma forma descarada as regras da democracia. As leis que movem o eleitorado podem ser pervertidas com o apelo à emoção, e nada melhor que uma designação "cristã" para o fazer - especialmente quando há um luto nacional e se pode a partir dela tentar ganhar eleitorado.

João Bateira

ps - acho hipócrita e insultuoso que Paulo Portas permita ser filmado na sua falsa oração de joelhos flectidos. Absolutamente nojento.

comentários

A tirana administração informa: este blog não terá comentários. Informa ainda que se ganha muito mais com uma cordial troca de ideias, do que com picardiais cobardes pelos comentários escondidas. O que não impede que sempre que algum membro queira comentar o post de outro, o faça num novo post. Os membros devem manter os seus e-mails disponíveis para que alguém que se sinta interessado em comentar certo post o possa também fazer. A administração pensa remeter, deste modo, certos e determinados fenómenos de lutas em biquini na lama, para as caixas de correio do(a)s intervenientes, evitando os abomináveis e louçãnistas pântano e lamacice.
Atenciosamente,

A tirana Administração

domingo, fevereiro 13, 2005

boas-vindas

Quero dar as boas-vindas aos primeiros três membros que heroicamente cederam o seu bom nome à aventura provavelmente mais decadente das suas existências, que é este blog. Em jeito de mensagem-de-rodapé-praça-da-alegria eu gostava de saudosamente lhes dizer: "Camaradas, a luta continua, Angola será nossa, abraço, Picanha, agrup. 25CX63".

sexta-feira, fevereiro 11, 2005

as reformas

Acabo de ler o fantástico texto de António Barreto do suplemento que vos falei. Só o facto de ser sociólogo já ajuda numa coisa a meu ver importantíssima: consegue analizar a situação do país, através de uma exposição da mesma ao longo das últimas décadas, sem referir nomes de partidos, líderes, governos ou outros protagonistas políticos. E é o bastante para abrir caminho a uma análise do essencial e do que, à parte da guerra política, é mais ou menos consensual.
Deste artigo lanço, a vós e a mim mesmo, esta questão: dada a urgência das várias reformas no nosso país, qual é o maior entrave à realização das mesmas - incompetência dos governantes, falta de vontade, falta de dinheiro?
Analisando as reacções dos vários partidos temos, a meu ver, dois tipos de atitudes, e infelizmente nenhum deles corresponde ao que eu acho que seja o mais adequado, se assim se pode chamar. O primeiro é o que predomina nos partidos de esquerda (PS incluido) caracteriza-se por uma espécie de esquizofrenia responsável, mas demasiado nervosa e, por isso pouco segura dos passos a dar nas matérias reformistas. O outro banha os partidos de direita com a tranquilidade coisa-e-tal porque tudo é o que vêm fazendo e defendendo há anos, sem grandes preocupações, porque que interessa é ganhar votos e, principalmente, as eleições.
E critico ambos por isto. Em primeiro lugar acho que não há reforma que seja A solução, nem reformas que sejam As soluções, e em segundo, quem nada faz cada vez merece menos a atenção e o respeito dos cidadãos, o que faz, na prática, com que os cidadãos se interessem cada vez menos pelos problemas do país, que são os seus próprios problemas. Não vale a pena apostar tudo e de uma só vez nas melhores reformas quando na prática se mostar que as não são, e depois se cair em pânico num vazio de ideias, ou se empatarem mais uns anos a atirar culpas para cima uns dos outros. Importa antes reformar de uma forma gradual, sem esquizofrenias, mas sem laxismo, porque nada cai do céu. De uma forma gradual porque os resultados das melhorias de cada sector influenciam de um modo positivo os outros. Exemplo: melhor educação conduz a mais cultura, cultura de hábitos, cultura cívica, que por sua vez conduz a melhor alimentação, melhor saúde, menos idas ao médico, menos filas de espera, melhor serviço de saúde; e, se quiserem, com mais saúde e menos vícios trabalha-se mais e melhor e aumenta-se a tão almejada produtividade. É tão simples como isto. O que vejo, no entanto é um PS e um BE esquizofrénicos, e um PSD e PP a "curtir" a campanha com o ego no céu. Honrosa excepção feita à CDU que, com a serenidade do seu novo líder, consegue manter os pés firmes e assentes na terra.
Portanto, e voltando à questão inicial, as reformas não avançam, a meu ver, por falta de distancimento da vida política, por falta de análise global e social que permita chegar à essência dos problemas de uma forma tranquila, sem fanatismo por défices ou outro tipo de "choques".

João Bateira

quinta-feira, fevereiro 10, 2005

matéria prima

Hoje a visão oferece um bom caderno com o estado da nação (adoro estas expressões fascizoides, como "nação!"). Também a visão online agrupou um conjunto de links para os programas, agendas, blogs e sites de campanha de todos os partidos. Vale a pena pelo menos passar os olhos pelos blogs, são o espelho das campanhas.

porque não...

...um blog-ginásio, onde possamos ao fim do dia dar umas corridinhas, umas pedaladas, fazer uns levantamentos de pesos, quiçá dar uns murros num enorme saco de areia virtual, e descomprimir do fundamentalismo dos telejornais, do lufa lufa dos comícios, da confusão dos jornais, dos beijinhos e apertos de mão dos candidatos. Junte-se a este grande desabafo colectivo, diga-nos o que lhe der na real gana, temos a certeza que o seu já deformado inconsciente o levará inevitavelmente a falar das próximas eleições.