sexta-feira, dezembro 29, 2006

Receita de ano novo

Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?)

Não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumidas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.

Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.

Carlos Drummond de Andrade

a lei actual

Podem consultar a lei actual aqui. Peço aos meus colegas de direito que expliquem o que acontece à lei depois do referendo - contando que não aconteça empate.

A pergunta II

Depois de ler o post anterior, não posso deixar de discordar num ponto preciso.
Começando pelo princípio, na esteira do post anterior, sinto que, de facto, qualquer discussão sobre o referendo deverá iniciar-se pela "PERGUNTA".
E começo logo a pensar no polvo que atemoriza a sociedade portuguesa que é o sindicato dos professores de português... o que dirão as professoras de português sobre a pergunta do referendo? A vírgula que separa a "por opção da mulher" quererá significar que tal expressão não é importante no sentido geral da pergunta? E que poderá até ser excluída da mesma? Ou é só modal?
Mas o que mais me preocupa a propósito da reacção do sindicato das professoras de português (esse forte movimento lobbista nacional!!!) é a resposta que pretendem que se dê a tamanha pergunta: sim ou não! Até parece que já os vejo a coçarem-se todos... Desde logo, se a pergunta começa com um "concorda", a resposta jamais poderá ser sim - dirão "eles" (leia-se, o polvo do sindicato). Na verdade, deverá ser antes "sim, concordo" ou "não, não concordo".
No entanto, tal resposta está obviamente incompleta. Teremos todos de escrever:" sim, concordo com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, se realizada, por opção da mulher, nas primeiras dez semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado" ou "não, não concordo com..."! Nas palavras do "padrinho" do sindicato: a luta pela defesa da língua portuguesa continua!
Mas o sindicato deverá ir mais longe e deverá mostrar-se insatisfeito com o simples "sim/não" na medida em que, na sua opinião, se deveria dar uma maior margem de liberdade e autonomia na resposta. Por essa razão, deverão avançar com uma proposta que consistirá, sumariamente, na possibilidade de cada um ir votar e dar a sua opinião num limite mínimo de 50 palavras e limite máximo de 1050, sem nunca ultrapassar as 30 linhas! E ganhará o referendo aquela opinião que estiver melhor construída, melhor justificada, no fundo, a melhor classificada! Só se tal proposta for aceite é que este referendo terá o apoio incondicional do sindicato!

Por isso, meus caros, além da PERGUNTA (e é aqui que discordo do post anterior) importa também discutir a RESPOSTA. Ou seja, não é assim tão linear, como nos faz crer o post anterior, que a resposta seja só Sim/Não...pelo memos por agora!

quinta-feira, dezembro 28, 2006

a pergunta

A ver se pelo menos aqui não nos limitamos ao espalhafato. Comecemos então pelo início lembrando a pergunta. Se quiserem deixar emoções de lado podemos começar por analisar palavra por palavra e clarificar respectivos significados. Porque as questões linguísticas são as mais importantes quando se querem exprimir ou defender ideias. Se consguirmos uma base de entendimento a este nível já vamos cheios de sorte: ele há tanto casmurro por aí, até a própria lingua recusam. Ora então:

«Concorda com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, se realizada, por opção da mulher, nas primeiras dez semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado?»

E por aqui me fico. Brevemente virão novas intervenções, sobre as tais questões conceptuais. Relembro que a resposta é simples: sim ou não.

Gerald Ford

Na sequência do post de ontem (e ainda tentando não escrever sobre IVG), aproveito para realçar uma notícia publicada hoje no diário económico a propósito do falecimento de Gerald Ford… mais uma incrível peça de jornalismo, que se notabiliza pelo seu rigor, intitulada “Morreu o único Presidente dos EUA que nunca venceu eleições!! A minha dúvida reside na palavra “único”… eu até ia dizer que recentemente os EUA tiveram um presidente que não venceu as eleições…ia, mas não digo, porque eles andam aí!!

quarta-feira, dezembro 27, 2006

Campanha

Depois de uma rápida leitura nos títulos dos jornais de hoje apercebi-me de uma realidade “recente” no jornalismo português à qual humildemente apelidei de “campanha”!!
Na verdade, entendem alguns dos jornalistas de hoje, quais fazedores de notícias que também devem ser fazeres de opinião. E eis que a propósito de um episódio quase banal como a convocação do Pepe (ou não) para a selecção, os ditos fazedores de notícias (já não narram, já não se limitam a noticiar, bem pelo contrário, já fazem notícias), mas dizia, estes fazedores massacram o leitor com aquilo que entendem dever ser a “notícia”. E o mesmo tema, a mesma notícia reproduzida vezes sem conta leva-nos a assumir que se o Pepe não for à Selecção é quase uma derrota do país, quiçá equiparada a uma outra qualquer desgraça nacional (triste fado este…)!! Ora, isto mais parece uma campanha! No caso, a campanha do Pepe na Selecção.
Mas onde eu, verdadeiramente, queria chegar era ao tema em discussão no último post, este sim de real importância SOCIAL, filosófica e até metafísica…mas fica para outro dia. Ou seja, ainda a propósito da dita campanha, agora ligado ao tema do IVG, imaginem só o ridículo que seria ver notícias em primeira página sobre o aborto, tais como: “Aborto em Portugal já a partir de 2007” ou “Aborto trama Sócrates” ou “Aborto quer Portugal – obstáculo é o Não do referendo”…

A campanha ainda mal começou, mas a discussão está longe de acontecer!

Último apontamento vai para o Gato Fedorento. Por mais incrível que possa parecer, a paródia que fizeram sobre o aborto e suas discussões está brilhante! É absolutamente incrível, quase inacreditável que uma discussão sobre o referendo seja mais surda de argumentos do que uma discussão entre fascistas e revolucionário ou entre esquerda e direita! Só mesmo à porrada….

Agora sim, é o último… parabéns a você, nesta data querida…pró MENINO administrador, uma salva de palmas!!

quinta-feira, dezembro 14, 2006

IVG

O título anuncia o desespero pré-eleitoral: faltam dois meses para o referendo sobre a Interrupção Voluntária da Gravidez.
A discussão vai ser escaldante - não sei se por estas bandas também - e eu só queria fazer o aquecimento (que é como se evitam as rupturas): uma organização designada não obrigada já publicou o seu mote
Contribuir com os meus impostos para financiar clínicas de aborto? Não obrigada
Devo dizer que este é um dos casos em que a vírgula muda tudo. Mas vamos ser simpáticos e ver lá a vírgula: não, obrigada.
E pronto, lá vamos nós:
contribuir com os meus impostos para financiar a saúde pública? Não, obrigado - cada um que trate da sua;
contribuir com os meus impostos para financiar os estabelecimentos prisionais? Não, obrigado - eles que vivam à fome, porque merecem;
contribuir com os meus impostos para financiar tratamento a seropositivos em fase terminal (o Hospital Joaquim Urbano, por exemplo)? Não, obrigado - eles que tivessem pensado nisso antes;
contribuir com os meus impostos para financiar apoio a sem abrigo? Não, obrigado - eles que vão trabalhar.
E por aí fora...
É preciso ser muito mesquinho e imbecil para reduzir uma questão desta delicadeza ao dinheirinho! Então, se fosse cost-free, já não haveria problema?!
E ver Maria José Nogueira Pinto dizer que em França estão a apostar no combate à doença de Alzheimer...
Bem se pode pôr a andar para França, porque gente desta categoria e espécie... não, obrigado!

quarta-feira, dezembro 13, 2006

Bloguices...

Já tinha saudades de dar uma blogada por aqui.
O Natal está aí à porta, o desespero consumista instala-se e o crédito aumenta como nunca.
Por cá tudo na mesma...
Às segundas-feiras à noite o canal 1 tem passado umas comédias extremamente engraçadas.
Esta semana falou-se de Lisboa, com uma dívida de quase um bilião de euros, um executivo que se vê em grandes dificuldades para ver aprovado o orçamento, coligações que caem com a justificação de falta de solidariedade política quando esta se refere meramente à escolha de um nome para gerir uma empresa pública participada pela C. M. L., falou-se em ingerências da Assembleia Municipal em matérias que vão além das suas competências e até numa hipotética "mãozinha" de Marques Mendes na tomada de decisões. Até houve tempo para um representante de uma nova geração de constitucionalistas revolucionários (desta vez acabado de saír da Faculdade de Direito de Lisboa mas já especialista credenciado em Direito Administrativo, com tempo de antena condicente com a sua condição de quase nobreza) defender uma radical restruturação do poder local...Foi cómico...
Por outro lado, o Governo continua a facturar na receita fiscal, com o competente Paulo Macedo a mostrar como se devia ter feito até hoje e a bater todos os recordes.
Foi finalmente marcado o referendo para a despenalização da interrupção voluntária da gravidez até às 10 semanas e as "tropas" já se começam a organizar para o que esperemos venha a ser um debate esclarecido sobre o que relamente está em questão e não sobre questões religiosas e morais, como por exemplo o PP procura fazer.
A oposição mantém-se cada vez mais um exemplo do que não deve ser uma oposição num país democrático, optando recorrentemente pelo fait-divers em deterimento de propostas fundamentadas e construtivas que constituam verdadeiras alternativas, embora, verdade seja dita, tal não se afigure nada fácil, com a já forte oposição interna que os lideres enfrentam (principalmente no PP) e um Governo que, apesar de não se poder dizer que seja irrepreensível, se mantém coerente e coeso, tendo vindo a fazer mais e melhor do que os anteriores em diversas áreas, nomeadamente no que respeita ao conhecimento e á formação e ao rigor nas finanças locais e regionais, que tanta tinta tem feito correr.
O ditador João Jardim, que até teve tempo de antena no canal do Estado durante uma hora (pobre Judite de Sousa...), num novo assomo da sua já reconhecida genialidade e coerência, primeiro ameaça demitir-se se a nova Lei das Finanças Locais fosse aprovada e depois (e antes...e durante...), deparando-se com a aprovação, distribui os habituais "cumprimentos" à esquerda e à direita, e já com o apoio de Marques Mendes, desafia o P. R. a dissolver a Assembleia Regional e a convocar eleições antecipadas...Este homem é um Senhor. Estranho é como ainda não chegou a um cargo condicente com a sua inteligência e dignidade.
Tenho tanto orgulho de ser português...

sexta-feira, dezembro 01, 2006

Num Quiosque perto de si

JORNAL DE NOTÍCIAS

Numa iniciativa inédita o BLOG PORQUE SIM, enviou hoje dois dos seus colaboradores aos Estados Unidos, para um intercâmbio cultural. É de louvar estas iniciativas, levadas a cabo pela primeira a nível mundial por um Blog.


PÚBLICO

No dia em aparecem novas revelações sobre o caso do antigo espião Alexander Livinenko e em que o Papa celebrou uma missa em Istambul, dois colaboradores do blog PORQUE SIM visitam os Estados Unidos. Depois de vários polémicas relacionadas com blogs criados e ou apagados, a comunidade bloguista aplaude esta iniciativa do PORQUE SIM. “São iniciativas como esta que elevam o nosso nome, para o qual todos trabalhamos”, referiu Blogger a agência Lusa.
A Liberdade de expressão será o mote da visita dos dois colaboradores deste blog.


A BOLA

Dia 1º de Dezembro. Portugal celebra a Restauração da Independência, efeméride a que se junta, este ano, um derby do futebol português, Sporting e Benfica, mas não só… Dois colaboradores do blog PORQUE SIM vão em missão duvidosa ao país onde o futebol se joga com as mãos e não com os pés. Numa missão que durará uma semana, dois colaboradores do citado blog irão visitar parte dos Estados Unídos por forma a recolher o maior número de fotos e tentar bater mais um record do Guiness Book.
Haver vamos mas uma coisa é certa, não foi prometido chegar as 300 000, como outros fizeram!

Playboy

Só sai às segundas por isso não refere nada. Mas aquela foto da Turquia na página 23... Upa Upa. Agora percebo o Papa!