quarta-feira, novembro 30, 2005

Celebrações

No tempo em que celebravam o dia dos meus anos, Eu era feliz e ninguém estava morto
Álvaro de Campos Aniversário

E porque as homenagens devem ser feitas em vida:

e em todo o caso
há praças onde esculpir um lírio
zonas subtis de propagação do azul
gestos sem dono barcos sob as flores
uma canção para ouvir-te chegar


Mário Cesariny, Poema podendo servir de posfácio

Números e media

Cavaco falou e as sondagens ressentiram-se de imediato...Logo agora que o passeio pelo país estava a correr tão bem...
O meu mais recente passatempo é ver a cobertura da campanha para as presidenciais que tem vindo a ser realizada pelos telejornais portugueses . O que é preocupante e simultaneamente sintomático é o facto de, apesar de o tempo de antena estar paritariamente distribuído entre as diferentes forças políticas (excepto o já cómico Garcia Pereira de quem não há rasto mas que não se cansa de fazer barulho...a A. A. C. S. que o diga...), o candidato actualmente potencial vencedor ser aquele de quem menos imagens vemos em discurso directo, tendo normalmente que ser o repórter a "espremer" algo significativo do que é dito. Será que anda toda a gente a dormir?
Há uns dias experimentei ouvir duas estações noticiosas de rádio credíveis (TSF e Antena 1)falar da campanha e cada uma delas tinha a sua sondagem com diferentes resultados pelo facto de analisarem dados similares de modo distinto (como os técnicos, após a notícia, esclareciam). Até onde vai a margem de manobra destes técnicos?Até que ponto a sua parcialidade ou imparcialidade poderá interferir com os dados que chegam ao grande público? Alguém se lembra do caso da empresa de sondagens que pertencia a Portas?
Em que outro país civilizado, com uma cultura democrática de mais de 30 anos, se veria um candidato que raramente fala e quando confrontado com perguntas concretas se esquiva ou responde de modo vago, ter a maioria das intenções de voto?
Os media escritos e audiovisuais (com predominância para os últimos)têm um poder indescritível, que esta situação caricata só vem confirmar.
A boa notícia é que o número de indecisos tem vindo a aumentar...Afinal ainda há luz ao fundo do túnel...

"I know not what tomorrow will bring"


Fernando Pessoa e o néctar dos deuses - e dos múltiplos homens por ele criados. No título a última frase escrita por Pessoa, na véspera da sua morte, há precisamente 70 anos.

quinta-feira, novembro 24, 2005

pub


É daquelas coisas: depois do espanto ninguém se lembra do produto. Precisamente por isso (e muito mais), vejam isto.

sábado, novembro 12, 2005

Imagens que valem por mil palavras IV

Vitorino III

Um vez tive de defender um oficioso no Tribunal de Pequena Instância Criminal do Porto. Tinha sido detido naquela manhã porque foi apanhado a conduzir uma mota sem carta. Nesse dia estava de escala neste tribunal e fui chamado para ir a umas pequenas celas escuras na cave. Lá estava ele ao lado de outro detido(que se encontrava bem mais nervoso). Pareceu-me uma pessoa minimamente equilibrada.
Antes do julgamento, tivemos uma pequena conversa. Disse-me que tinha 18 anos, tinha 1 filha e trabalhava numa empresa de montagens a ganhar cerca de € 400. Quando foi detido estava a caminho do trabalho e já não era a primeira vez que era julgado por condução de mota sem carta (2 ou 3 vezes, se bem me lembro).
Pois bem, perante a Juiza, o arguido confessou os factos e em alegações finais sublinhei que estavamos perante um jovem de 18 anos, com a responsabilidade de sustentar um filho e com um emprego certo. Ainda assim, por não ter o certificado de registo criminal do arguido, a Juiza decidiu adiar a leitura da sentença para a semana seguinte.
No dia da leitura de sentença, lá me apareceu o arguido com documentos do filho e da empresa onde trabalhava. Com os documentos na mão requeri com sucesso a sua junção aos autos, mas neste dia, a Juiza já conhecia os antecedentes do arguido. Assim, após a análise dos documentos, a Juiza decidiu que o arguido fosse condenado a uma pena de prisão de 2 anos (nesta altura, ao ouvir isto, o arguido quase tombava para o lado), mas que seria suspensa por um determinado período de tempo que já não me recordo. Que alívio...
Pois bem, este caso é parecido com o do Vitorino? Parece-me que não. E isto é que torna as coisas mais graves. Temos duas penas semelhantes quando as circunstâncias foram totalmente diferentes! Onde anda a Justiça em Valongo?!
Mas o mais engraçado é que a minha mãe, num primeiro momento quando viu a reportagem na televisão, até concordou com o discurso vergonhoso do advogado de que se deveria descriminalizar quem conduz sem carta. E quantas outras pessoas não pensaram o mesmo? Não será então melhor dar um carro/arma a qualquer um? Eu até faço a seguinte sugestão: que tal acabar com o código da estrada? Passaríamos a ter uma única regra rodoviária: o condutor tem apenas de chedar aos pedais. Quem alinha comigo?
Dizia ainda o advogado: "ele é um jovem e isto são coisas normais dos jovens". Senhor advogado do Vitorino, para mim é uma vergonha partilhar a mesma classe profissional consigo! Sempre que tive oficiosos que foram apanhados a conduzir sem título, fiz questão de lhes chamar a atenção para o erro e para os perigos da sua condução. É um dever moral explicar o erro em caíram! Senhor advogado do Vitorino, dedique-se a alguma coisa para a qual tenha jeito. O povo agradece.

Mas perante estes factos, parece que vence a imoralidade. A vitimização...
Para mim, pessoas como o Vitorino deviam ser condenados a pena de prisão efectiva. Umas noites na prisão e dois ou três duches iriam fazer o Vitorino pensar 2 vezes antes de conduzir um carro.

dos exemplos - 2



«CM - Sei que tem um ‘bunker’ em casa.
HC - Em Israel, todas as casas construídas a partir de 1991, desde a primeira Guerra do Golfo, têm um ‘bunker’. Na nossa casa é uma espécie de escritório, sala de computadores das crianças, biblioteca, mas que agora durante a guerra do Iraque, quando se temia qualquer ataque contra Israel, era esvaziada e preparada para uma emergência, com água e todo o tipo de alimentos. Em Israel faz parte da vida ter um ‘kit’ de emergência em casa. Quem chega fica muito admirado, mas lá já é perfeitamente normal.»

«S - Onde, e como, se aprende a ser especialista nessa área da reportagem de conflictos?
HC - Com quilómetros, só quilómetros. Suar, correr, estar no terreno, falar muito com as pessoas. Eu não sou daqueles jornalistas que escrevem as crónicas no hotel ou no avião. (...)

S - Tem um seguro de vida?
HC - [Ri] Olhe, uma das minhas televisões, a espanhola Antena 3, sem me dizer nada, fez-me chegar a casa um seguro de vida. Nem me consultaram. Normalmente os jornalistas têm de lutar para terem seguros de vida. Mas neste caso mandaram-me por iniciativa deles. Devem ter os seus motivos.»

(Extracto das entrevistas de Henrique Cymerman ao Correio da Manhã (2004) e à revista Sábado (2005), respectivamente. Para quem não saiba, como eu não sabia, Cymerman nasceu no Porto (!) e lança amanhã o seu primeiro livro de entrevistas. A ver pelos "padrinhos" da obra temos best-seller garantido - e ainda bem!)

quinta-feira, novembro 10, 2005

Uma questão de JUSTIÇA

Um ex-ministro e deputado da nação é surpreendido (ou nem por isso, mas esse tipo de influência para o caso também não importa, até porque ao invés de outros não fugiu e deu a cara, o corpo, a dignidade e muito mais ao manifesto!) por um Juiz de Instrução que lhe dá voz de detenção. Esteve preso. Foi libertado em consequência de um recurso para o Tribunal Constitucional. Entretanto esteve cinco meses em prisão preventiva. Foi acusado de 21 crimes de abusos sexuais de menores. Acabou, em sede de instrução, por não ser pronunciado pela Juiz Ana Teixeira e Silva (que veio substituir o “mediático” e “popular” Rui Teixeira, atento o princípio de Juiz Natural suscitado pelo ex-Advogado do arguido Jorge Rito, de seu nome Rodrigo Santiago que pediu escusa, aparentemente, por falta de pagamento de honorários…este mundo dá cada volta!!!).
Curioso é pensar se o tal Advogado Rodrigo não fosse brilhante (não foi uma mera lembrança. Competência é muito diferente de casualidade) e não tivesse suscitado o incidente, seria o Juiz Rui Teixeira quem iria apreciar a decisão instrutória. Em face disso, é legitimo pensar que eventualmente tudo seria diferente, ou seja, o Paulo Pedroso teria sido pronunciado/acusado! E agora, depois de dois anos de luta em Tribunal, ainda havia hipótese de mais um recurso, desta vez do Ministério Público. E estaria o INOCENTE Paulo Pedroso mais uns tempos à espera de nova decisão. Enquanto isso, a angustia e sofrimento mantinham-se!
Não tenho de fazer a defesa de ninguém. Não é isso que se pretende, pelo menos, enquanto não for meu cliente. É apenas uma questão de JUSTIÇA!

Uma figura pública é acusada pelo Ministério Público após longa investigação. Já nem discuto o facto de ter sido preso para investigar (que não é de todo o fim da prisão preventiva!). Em todo o caso, esteve cinco meses preso!! CINCO MESES! Não foi em prisão domiciliária. Não foi com pulseira electrónica. Não foi com presenças periódicas. Esteve entre quatro paredes. Fechado e enclausurado.
Enquanto “administrador da Justiça” que sou, não posso ficar incólume e calado. Não é um grito de revolta, pois tal também não se justifica. É uma questão de JUSTIÇA!

Questiono-me de quem era hoje Paulo Pedroso se nada disto tivesse acontecido. Seria Ministro da nação? Seguramente. Ainda que não o fosse, seria, com toda a certeza, deputado. Alias, quem sabe se não se tinha candidato a Secretário-geral do PS e era, neste momento, Primeiro-Ministro? Que ele podia (ou não) ter sido não podemos dizer. Mas já podemos dizer que o mesmo foi alvo de um inquérito, esteve preso cinco meses e ainda foi acusado.
Daqui resultam necessariamente prejuízos. Quer do que ele perdeu, quer do que deixou de ganhar. Disso, o Advogado dele parece que vai tratar… Prejuízos esses que ganham outra dimensão atenta a sua condição de figura pública e seu estatuto social. Poder-se-á dizer que, como ele, há muitos por esse país fora. Mas a diferença é que, esses outros (e lamentamos TODOS os inocentes que estejam presos, que sejam injustamente acusados e alvos de processos escabrosos) não perdem tanto, pois o domínio público não faz parte da sua vida. A diferença não é, assim, no direito à indemnização, mas tão só no dano!

Enfim, impõe-se parar para pensar… se é esta a JUSTIÇA que todos queremos ter.

mas então...?

«Cara (o) amiga (o),

Envio-lhe os documentos necessários para recolha das assinaturas para a candidatura de Mário Soares, solicitando que se associe a este movimento de tão grande importância para Portugal.

Os documentos são acompanhados de uma breve explicação sobre o procedimento que deve adoptar, solicitando que os mesmos sejam enviados para o Largo do Rato até ao próximo dia 20 de Novembro.»


Da newsletter do PS, recebida hoje...

terça-feira, novembro 08, 2005

Vitorino - parte II

Quem, como alguns tiverem o grande privilégio, conhece o Vitorino, sabe muito bem que ele não é a triste ovelha que ontem as notícias tentaram apresentar… a ovelha que todos a querem ver como tresmalhada ou preta. Que incrivelmente foi deixada ao acaso, desamparada e sem protecção. Que o mundo reprova e recrimina! Bem pelo contrário….
O Vitorino é o Lobo que não raras vezes ataca o rebanho.
Nós, o rebanho, muitas vezes fomos vilipendiados, assaltados (roubados e furtados), agredidos e insultados pelo lobo mau. Nós, o rebanho, só temos de ficar apreensivos com o teor da sentença.
Eu, (in)felizmente tive o prazer de conviver várias vezes com o Vitorino! Boas e produtivas conversas tivemos. Na altura, eu era um jovem (do tipo conhecido entre todos da escola) e o Vitorino queria fazer carreira entre os maus de Valongo. Era agressivo e dizia-se amigo do Bruno “tolo”! Mas o Bruno era meu amigo e por isso ganhei o respeito dele. Depois disso, cumprimentávamos sempre com um: “- tá-se?”…”- Tá tudo…”!
Foi, por isso, com alguma surpresa que encarei o teor da notícia. 60 VEZES? SEM CARTA?!!!

Comungo da apreensão do nosso Administrador.
Compreensível é a posição do Vitorino. Mau era se ele viesse para a televisão dizer que merecia outra pena!! Consigo, também, compreender a posição do Advogado. Afinal de contas, o Lobo, por mais lobo que seja, merece defesa. E se o lobo é cliente, o Advogada não mais fez que o seu trabalho ao defender os interesses do mesmo (leia-se cliente).
Diferente posição tenho, todavia, em relação ao Mmo. Juiz e ao digníssimo Procurador. Sabemos que se tratava de cúmulo jurídico, sabemos que ele já tinha sido julgado à revelia anteriormente, sabemos que o lobo está arrependido (voltou a vestir pele de cordeiro), sabemos tudo isto (e muito mais). Por isso mesmo é que se discorda da sentença.
Veja-se, a título de exemplo a alegria de todos os amigos (e eu conhece-os a todos e sei bem o percurso que estão a ter. Até parecem pequenos “Vitorinos”, a subir na hierarquia do reconhecimento). Será que o efeito preventivo da sentença se irá repercutir em cada um deles? Será que todos eles se sentem ameaçados com o “Poder” dos Tribunais, com a força da autoridade que a sentença supostamente deveria representar? Obviamente que não.
Por quanto tempo é que o efeito preventivo, em relação ao Vitorino, se vai manter?
Foi feita Justiça? Será que todos os “Vitorinos por esse país fora” (adoro esta expressão) poderão recorrer a esta sentença em sua defesa? Ou aquele, que não teve a sorte de ser julgado em Valongo, poderá alegar e exigir igual tratamento? Será que o Tribunal de Valongo irá aplicar mais alguma sentença igual, mesmo que os pressupostos (número de vezes apanhado sem que o condutor tenha licença de condução) seja menor?
Justiça…curioso conceito esse da Justiça!! Não há dúvida que por vezes a Justiça é CEGA!!

o Vitorino

Ouvia-se um ronco de mota com escape furado: era o Vitorino. Se à porta da escola havia porrada: era o Vitorino. Um carro desvairado chiava pneus nas rotundas: era o Vitorino. Quem nunca usou carta ou capacete: o Vitorino.

Como defender semelhante criatura? Chamam-se as televisões (sempre tão obedientes), prepara-se o discurso de arrependido, o ar cabisbaixo que mete dó - junto da mãe, como convém. A escola Zé Maria Martins já dá os seus frutos - gostei particularmente do tique de inconformista: "já circula um abaixo assinado pelas cadeias, descriminalizemos a condução sem carta, já!". Porque no fundo no fundo, quem tem razão é Dias da Cunha: a culpa é do sistema!

Faltou sentenciar o óbvio (que o colectivo de juizes não percebeu): a proibição de alguma vez vir a tirar a carta de mota ou carro! Serviço cívico, pelo menos! Discordo da prisão (com 21 anos, crime era prendê-lo), mas pena suspensa é o mesmo que nada.

Falta ainda apurar de onde vinham os carros e as motas que Vitorino conduzia - comprados não eram de certeza. Falta perceber como é que se a polícia já o conhecia (o porreirismo de Valongo...) nunca o levou a um tribunal para que fosse imediatamente julgado e evitasse o perigo de, numa das 60 vezes, ter atropelado alguém mortalmente!

segunda-feira, novembro 07, 2005

Alegre vs Soares III (ou nem por isso...)

«Grandes arautos da liberdade, que em nome de uma instituição partidária e da sua vontade, se deixam calar e não impõem a sua posição»

Quanto a isso só posso dizer que a grande derrotada desta eleições é desde já a direita - mesmo que Cavaco venha a ganhar. Depois do "amen" do CDS e do PSD à candidatura do Professor, ficou provado que não há cidadãos de direita que, apesar de discordarem das ideias de Cavaco, não têm coragem de avançar. O PP tenta a todo custo disfarçar a crise pós-autárquicas que ficou por resolver. Portas pode não querer dividir o partido (que apoiou formalmente a candidatura de Cavaco) ou achar que o timming (que a manuntenção da sua imagem requer perfeito, acima do interesse dos portugueses, como sempre o fez) não é o melhor, mas está a contribuir para a prolongação dessa crise. Também por isso se pode acreditar que é saudável uma esquerda dividida. É, acima de tudo, sinal de vitalidade democrática.

Let the games begin...

E eis que o anúnciado "combate" se inicia...
A generalidade da imprensa procura focar as atenções nas duas candidaturas mais sonantes (Soares e Cavaco) enquanto que um Alegre cada vez mais optimista continua a fazer de tudo para se manter à tona...e com os seus discursos inusitadamente utópicos e pseudo-revolucionários, com direito a finais apoteóticos em que se entoa em coro a "Trova do Vento que Passa", sempre vai tendo o seu espaço nos telejornais e afins.Será que terá resultados esta postura? (Impõem-se uma outra questão premente:será que o Pac estava sóbrio quando aceitou ser o seu mandatário para a juventude?)
Pelas restantes candidaturas deram a cara os líderes do PCP e do BE, para mais uma luta inglória votada ao fracasso desde o início, pela ausência de opiniões unânimes acerca dos seus perfis políticos. O PP, para não variar, tomou o caminho mais fácil de apoiar o único candidato de Direita e reduziu-se à sua cada vez menor importância no panorama político português.
Quanto à campanha em si tem tido os seus momentos...
Cavaco, talvez inspirado no exemplo de Durão nas Legislativas que venceu, procura gerir da maneira mais sábia o seu silêncio, falando pouco e bem e mantendo-se equidistante de todas as forças políticas, evitando questiúnculas e assumindo uma posição de Estado, como convém.
Os candidatos de Esquerda atiram em todas as direcções, correndo assim o risco de, mais tarde ou mais cedo, darem um tiro no pé...O que se afigura estranho é o facto de a Esquerda não centar as atenções em Cavaco (o que se compreende, porque a única alternativa será lembrar os tempos em que foi Primeiro Ministro...e tanta água já passou debaixo da ponte entretanto...) e na busca de um modo de apresentar ideias inovadoras para o cargo a que se candidatam, optando antes por se degladiar de uma forma tão vazia que chega a ser cómica.
Vazia...provavelmente o adjectivo que melhor caracteriza a campanha presidencial até agora. Os discursos da Esquerda são vagos e centrados no ataque pessoal e enquanto a Direita se remete ao silêncio, os "velhos do Restelo" (e outros não tão velhos...) conjecturam sobre uma eventual revisão e alargamento dos poderes presidenciais e até mudanças no sistema político semi-presidencialista vigente...
Excepção feita à TVI (que ultimamente tem promovido entrevistas com todos os candidatos, separadamente claro, mas, apesar da intenção, pouco têm acrescentado ao que vem sendo dito), os media nada têm contribuído para uma debate construtivo sobre as orientações de fundo de cada candidatura, optando por promover polémicas pontuais e desmentidos nas manchetes e prime-times.
Seria bom ver os candidatos tomar a iniciativa de elevar a dignidade desta campanha (ou pré-campanha), correspondendo ao que o eleitorado provavelmente espera de quem se candidata ao mais alto cargo político do Estado Português.
Utopias...

dos exemplos



(a propósito de um mail reencaminhado pelo J. P. Costa)

Ainda que megalomanias informáticas/informativas possam desvirtuar o acto, que outra grande homenagem senão a extensa atenção (mais que uma mera referência) dada pela Wikipedia à vida da activista e mártire americana, Rachel Corrie, morta aos 23 anos por um bulldozer israelita enquanto pacificamente (sentada no chão (!)) impedia a destruição de casas em Rafah, na Faixa de Gaza.

Alegre vs Soares – II

Esta aparente luta dentro do Partido Socialista pode ser uma falsa questão. Como se pode compreender que Alegre (O poeta da Liberdade, da luta contra a opressão e o fascismo) possa comprometer a sua posição dentro do partido (sendo ele um “partidocrata”) por uma eleição que todos diziam que estava perdida antes de o ser?
Desafiando, deste modo, essa coisa conquistada no 25 de Abril que é a disciplina partidária! Grandes arautos da liberdade, que em nome de uma instituição partidária e da sua vontade, se deixam calar e não impõem a sua posição – outra questão para um destes dias…

Se me permitem teorizar sobre esta guerrinha (pois não passa disso) dos “senhores feudais e socialistas”, eis uma teoria da conspiração:
O Bloco está a crescer. Está, por um lado, a conquistar terreno (digo eleitores) ao PCP. Este nada pode fazer se não fechar-se ainda mais. Tornar-se ainda mais ortodoxo. Caso contrário poderá cair na decadência comunista em que caíram alguns PC’s dessa Europa!!
Por outro lado, o Bloco está também a conquistar eleitores do espectro socialista – a essa conclusão facilmente chegamos se compararmos que o crescimento do Bloco está a ser maior que a descida do PCP, o que só se justifica pela conquista de eleitorado socialista que não é do dito “centro”.
Ora, é necessário que o PS não deixe que esse ROUBO continue. Tem necessidade, portanto, de apresentar uma imagem dita alternativa, mesmo sendo o partido do governo. O PS tem de fazer o mesmo papel que faz o Bloco: alternativa e alternativa à alternativa. Conseguindo, assim, abranger um eleitorado mais vasto e recuperar os votos perdidos. Para tanto, recorreu a uma suposta divisão entre dois grandes amigos, dois grandes pensadores, dois grandes lutadores da Liberdade. Temos assim duas posições, uma mais centrista e consensual (Mário Soares) e outra mais alternativa, de uma esquerda renovada (Alegre). Esta última, como é óbvio, é suposto perder, pois o PS quer um presidente do centro e consensual. Só resta ver, se tal de facto vai acontecer…a ver vamos!!!

domingo, novembro 06, 2005

Alegre vs Soares

De um modo geral o vulgar eleitor ouviu já dos candidatos as mesmas ideias, mais messiânicas em uns do que em outros, mas todas com a tónica na intenção de ajudar a tirar o país da crise. O resto soa a jogo político, coisa abstrata, comparada com a crise socio-económica que já há muito sentem na pele. Sendo Alegre e Soares do mesmo partido, têm ambos a oportunidade de, iniciando um confronto pacífico, definindo claramente, como Alegre já fez, as diferentes entre as duas candidaturas, captar atenções do eleitorado e levá-lo a escolher o vencedor do combate Soares vs Alegre e não do Soares vs Cavaco, evitando, desta forma, a vitória de Cavaco à primeira volta. Principalmente Alegre está em excelente posição para "ir a jogo" (como agora se diz), pois pode usar os surpreendentes resultados das últimas sondagens. Só assim a esquerda pode acreditar que é bom estar dividida.

Reflexões

Reflexão I

É curioso (ou não) que grande parte das pessoas com quem vou discutindo as PRESIDÊNCIAIS me vai dizendo que, de todos, o MANUEL ALEGRE é o mais INDEPENDENTE em termos partidários!! Ora se o LOUÇA e o JERÓNIMO têm o apoio incondicional, até porque são os líderes das suas forças políticas, já o SOARES e o CAVACO à muito que não têm qualquer cargo dentro da máquina.
Curioso (ou não) é que o próprio ALEGRE é um homem do partido. Faz parte da máquina. Movimentam-se e fomenta os jogos e as tricas dentro da máquina. Está habituado às manigâncias inerentes a qualquer reunião da comissão política ou do conselho nacional!!
Certo também é que, de facto, de entre todos os candidatos, o ALEGRE é quem ainda não teve o apoio institucional de um partido. A minha questão é: quem vai apoiar o PND? E o Movimento Monárquico? A os Verdes? E o Partido Humanista? E o PRD? E a extrema direita? E as Gerações Populares (face ao recente não apoio a CAVACO)? Nada melhor de que apoiarem o ALEGRE. Nada melhor que instrumentalizarem a candidatura do poeta para terem mais alguns minutos de fama…

Reflexão II

Para quando o anúncio público da candidatura do nosso muito querido JOSÉ MARIA MARTINS?
Acho que é o momento de pensarmos se não devemos ser o PRIMEIRO “blog” a apoiar, a incentivar e a exigir a sua candidatura.
Se me permitem, deixo o elogia (da loucura) a este SENHOR da JUSTIÇA!!

O País precisa de alguém com capacidade para a luta (filmem, filmem…ai!ai!ai!...eu não tenho medo…eu não saio…chamem a polícia…vocês viram?).
Alguém com visão internacional (serei Advogado do Saddam!).
Alguém com presença, com uma imagem pública equilibrada e com glamour (camisa desapertada e gravata aberta, sempre).Esse alguém tem um nome: JOSÉ MARIA MARTINS. Nesse dia, que será algures em Fevereiro, não hesite: VOTE JMM! PORQUE O PAÍS PRECISA! PORQUE TODOS PRECISAMOS!

sexta-feira, novembro 04, 2005

onde pára a gripe?



«O GRIPEPT.NET é, em simultâneo, um projecto informativo multimédia e um estudo epidemiológico sobre a gripe em Portugal. O instrumento principal é este site, a que qualquer pessoa pode aceder e, através dele, participar activamente na recolha de dados sobre a propagação da epidemia.»